Não está fácil para o PT criar fatos positivos para favorecer o ex-presidente Lula. Qualquer coisa que os petistas inventem levará sempre a uma referência negativa relacionada ao assunto, com a lembrança de alguma sujeira no passado de Lula. O “Brahma” aprontou demais na vida. Nesses dias, os petistas andaram espalhando que, caso seja preso, o chefão do PT poderia fazer uma greve de fome na cadeia.
Logo a ideia deu chabu. Na última quarta-feira, em sua coluna em O Globo, Merval Pereira lembrou que quando foi preso em 1980, durante a ditadura militar, por causa da greve dos metalúrgicos do ABC, Lula furou uma greve de fome de seus colegas sindicalistas, que também estavam na prisão. “Lula estava furando a greve de fome, recebendo barras de chocolate e comendo às escondidas”, contou o sindicalista Zé Maria, que depois saiu do PT para fundar o PSTU. “Houve uma grande decepção”, ele disse.
Mas a péssima fama de Lula com cadeia e greve de fome não para por aí. Merval recordou também de uma visita oficial de Lula a Cuba, em 2010, em meio a uma greve de fome do preso político Orlando Zapata. A greve de Zapata já durava 83 dias, em protesto contra as condições dos presos políticos cubanos. O oposicionista estava preso desde 2003, condenado há 18 anos por “desordem pública”. Lula igualou os presos políticos a criminosos comuns e defendeu a ditadura de Fidel Castro. Suas palavras, lembradas hoje pelo jornalista de O Globo: “Temos de respeitar a determinação da Justiça e do governo cubanos. A greve de fome não pode ser um pretexto de direitos humanos para liberar as pessoas. Imagine se todos os bandidos presos em São Paulo entrarem em greve de fome e pedirem liberdade”. Zapata morreu com Lula ainda em visita aos irmãos Castro.
Os petistas deviam deixar pra lá qualquer tentativa de estabelecer uma imagem heróica de seu chefão na cadeia. Como prisioneiro, Lula não é exatamente o que se pode chamar de um “resistente”. Ele só tem histórias de indignidade pessoal, desde o caso do “menino do MEP”, quando tentou estuprar um jovem na prisão, até a revelação de ter sido informante do Dops durante a ditadura militar.
A história da tentativa de violentar um companheiro foi contada por Cesar Benjamin, um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores, também coordenador da primeira campanha de Lula a presidente, em 1989. Atualmente, ele é secretário de Educação da prefeitura do Rio de Janeiro. Em artigo na Folha de S. Paulo, em 2009, Benjamin contou que Lula lhe disse que quando esteve detido tentou subjugar e fazer sexo com outro preso, o “menino do MEP”, movimento político que não mais existe.
A acusação de dedo-duro da ditadura apareceu no livro “Assassinato de reputações”, de seu ex-Secretário Nacional de Justiça, Romeu Tuma Júnior. Ele afirma que o ex-presidente foi informante do Dops, na época comandado por seu pai, o falecido delegado federal Romeu Tuma. Da mesma forma que é acusado atualmente no escândalo de corrupção da Petrobras, Lula também tinha um apelido. Era o “Barba”. No livro, Tuma Júnior conta que o chefão petista teve uma vida boa enquanto esteve detido, podendo inclusive dormir no escritório do chefe do Dops. O valente petista que os companheiros dizem que vai fazer greve de fome tirava longas sonecas em um sofá vermelho do chefe da polícia política. Tuma Júnior publicou as acusações em livro, deu várias entrevistas falando sobre o assunto e jamais foi processado por Lula.
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POR José Pires
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