quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018

Stormy Daniels, o batom na cueca de Donald Trump

No início de janeiro houve o ressurgimento de um escândalo sexual com o envolvimento do presidente Donald Trump, com a revelação de que era verdadeira a história de um relacionamento dele com a atriz pornô Stormy Daniels. O caso havia saído na imprensa americana um pouco antes de Trump ser eleito, porém na época o escândalo foi abafado com um desmentido da própria atriz. O fato que trouxe de volta o assunto no início desse ano foi a descoberta de que a atriz havia recebido um pagamento para fazer o desmentido. A informação foi publicada em janeiro no The Wall Street Journal e em outros jornais importantes, com os desmentidos de praxe e as conhecidas alegações da troupe de Trump de que tudo não passava de maldades inventadas por adversários democratas, naquela ladainha trumpista de "fake news". Pois nesta quarta-feira, Michael Cohen, um dos principais advogados de Trump, reconheceu que pagou 130 mil dólares para a atriz. É a primeira vez que aparece neste caso uma confirmação da participação de alguém do círculo mais próximo do presidente americano.

Uma dos agravantes deste escândalo é que o relacionamento sexual de Trump com a atriz pornô teria ocorrido um pouco depois de seu casamento com Melania. Mas encrenca mesmo são as possíveis implicações jurídicas, que podem comprometer a campanha dele junto a Comissão Eleitoral Federal. Para esta comissão, Cohen deu uma explicação que afronta a inteligência alheia. O advogado reconhece que pagou pelo silêncio de Stormy Daniels, mas afirma que foi com dinheiro dele. Em comunicado enviado ao jornal New York Times, Cohen, que por uma década foi o principal advogado do conglomerado Trump, afirmou que "nem a organização Trump e tampouco a campanha de Trump participaram da transação com a senhora Clifford Daniels (Stormy Daniels)". Ele afirma ainda que não houve reembolso do que pagou, "direta ou indiretamente".

Tamanha generosidade realmente é para fazer de Cohen um advogado disputado pelos magnatas americanos. A explicação muito fajuta sobre o batom na cueca de Trump tem a intenção de tirar do foco da Comissão Eleitoral Federal um caso que pode complicar ainda mais o mandato do presidente americano. A confirmação do pagamento à atriz pornô mostra que devem ter aparecido provas de que de fato gente do lado de Trump havia dado dinheiro à atriz. Daí Cohen ter vindo com esta versão que não tem veracidade alguma. É difícil acreditar em um advogado de uma grande corporação tirando dinheiro do próprio bolso para resolver uma questão íntima de um dos homens mais ricos do mundo e fazendo isso por conta apenas dos sentimentos da boa relação entre os dois. Isto sim é um fake news.

De qualquer modo que se desenvolva mais este problema de Trump, o que se sabe até aqui já compromete bastante sua credibilidade, já que seu apoio político em todo o mundo depende de uma grande parcela de público com uma visão altamente conservadora. Por sinal, esta descoberta da promiscuidade entre política e pornografia na vida de Trump bate inclusive nos trumpistas brasileiros, que por aqui, em sua maioria, estão entre os setores mais moralistas do país, que implicam até com manifestações artísticas que exploram o erotismo e a sexualidade. Vamos ver como esse pessoal tão preocupado com a moral dos outros responde agora à entrada da senhora Daniels na carreira de seu ídolo político americano, que pode passar a ser conhecido como Stormy Trump.
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POR José Pires

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