quinta-feira, 27 de abril de 2023

Os desconcertos das viagens de Lula pelo seu mundo do faz-de-conta

Parecia que tudo ia muito bem para Lula no plano internacional, com o presidente brasileiro bastante favorecido pelo cenário de terra arrasada deixado por Jair Bolsonaro com sua política externa destrambelhada. Sem querer desmerecer ninguém, estava fácil recuperar a imagem brasileira no estrangeiro. Bastava agir de forma equilibrada, além de demonstrar este equilíbrio também no discurso, afinal, na diplomacia é a palavra que garante a qualidade da imagem.


Mas faltou combinar com este presidente boquirroto, que na última eleição tomou o lugar do outro imbecil. E Lula nem precisa de morfina para fazer asneiras. Foi um belo estrago em poucos dias, em viagens que começaram na China, com uma rápida passagem pelos Emirados Árabes, para depois seguir para a Europa, tendo Portugal e Espanha no roteiro oficial do maljeitoso representante que foi vender a nossa imagem lá fora. A última parada foi com o primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, quando o petista insistiu na sua política de causar mal-estar por onde passa.


O socialista espanhol e o esquerdista brasileiro agora estão com uma divergência séria. Sánchez não tem dúvida alguma de que a Crimeia é da Ucrânia, um assunto que Lula trata com demagogia, como se estivesse no Brasil lidando com gente de olho em cargos, que aplaudem qualquer besteira que ele diga. A Espanha também fornece armamento para a defesa do povo ucraniano. A proposta de Lula é de que ninguém ajude Volodymyr Zelensky na reação contra os invasores russos. Sánchez não poderia gostar do que ouviu.


Desde antes de ser eleito, Lula vem afirmando que Volodymyr Zelensky é tão responsável quanto Vladimir Putin pela invasão da Ucrânia. Putin, é bom lembrar, foi há pouco acusado de crimes de guerra pelo Tribunal Penal Internacional, com sede em Haia. Porém, de organizações internacionais a esquerda só aplaude o que lhe convém, como fazem os petistas e Lula até com decisões que não tem nenhuma validade oficial.


Ora, mas onde se viu um país invadido reagir ao invasor, não é mesmo? Esta é a lógica desse gênio da geopolítica, que tem dificuldade até de defender a sede do governo brasileiro de vândalos de camiseta amarela armados apenas com bandeiras brasileiras, mas tem a pretensão de reformular toda a política de segurança da ONU desde 1945.


Foi ele mesmo que falou dessa data, como marco da drástica revisão na ONU. Essa fala até permite uma interessante relação entre sua visão moderna sobre os conflitos globais com os acontecimento daquela época. Por esta opinião de Lula, a Polônia foi tão culpada quanto Adolf Hitler, quando houve a invasão feita pela Alemanha nazista em setembro de 1939, dando início à Segunda Guerra Mundial.


Do jeito que Lula fala, pode-se dizer a mesma coisa sobre outras agressões nazistas, até mesmo da invasão da União Soviética — evidentemente culpada não de ter sido invadida, mas também por ter reagido em vez de procurar a paz com Hitler. Ah, sim: e em vez de trabalhar pela paz com Adolf Hitler, já naquela época os Estados Unidos mandavam armas para os países europeus reagirem contra os nazistas.


Tenho que fazer piada, mesmo com coisas tão sérias. É o jeito, para refutar tamanhas asneiras. Lula ainda mantém o discurso de que os Estados Unidos e a União Européia são culpados por esta guerra. Ele tenta amenizar o estrago na sua imagem e do Brasil, que já é grande. Para se fazer de inocente chega até a fingir que não entende o português de Portugal, mas suas idiotices estão sendo muito bem compreendidas pelo mundo todo.


Ele já acusou os Estados Unidos de fomentar a guerra. Segundo o que disse, o apoio político e militar de americanos e europeus não permite que a paz seja alcançada. Vejam só: Estados Unidos e países europeus passaram a fornecer armas para a Ucrânia só depois que começou a invasão russa, mas na cabeça do Lula todos estão nivelados em responsabilidade pela guerra. Todos não, com sua relativização quem ganha é Putin.


Os americanos não trataram os insultos com meias-palavras. O porta-voz de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby, disse que Lula apenas “reproduz propaganda russa e chinesa”. É evidente que haverá uma deterioração da relação com os Estados Unidos de Joe Biden. A opinião de Lula é tão favorável a Putin que neste tema ele acaba ficando mais próximo de Donald Trump e até mesmo de Bolsonaro


Em poucos dias o Brasil perdeu a respeitabilidade como um país com independência para tratar de temas mais complicados nas relações entre os países, além de que nunca mais Lula terá o trânsito fácil que gozava até agora no exterior, especialmente nos países europeus, que estão perigosamente próximos da Rússia. Qual será o governante europeu que terá simpatia por alguém que propõe que não deve haver nenhuma ajuda militar a um país que tem seu território invadido?


Parece até que ninguém contou ainda para o petista que, diante da grande transformação que está em andamento nas relações internacionais, a Ucrânia é apenas o ponto inicial das complicações sérias que o mundo poderá ter que enfrentar pela frente, para as quais não cabe como solução a oferta de uma conversa com cervejinha, outra asneira que já foi dita sobre este conflito na Europa.


Lula volta para casa muito menor do que era quando embarcou para Portugal. Com esta lamentável viagem o Brasil também perdeu muito, mas bastante mesmo, em matéria de imagem e mesmo de abertura para acordos e negócios. Com o PT no governo vai-se firmando aquela frase famosa sobre um país que não é sério — que na verdade Charles de Gaulle nunca disse, mas agora nem importa mais.

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Por José Pires



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Imagem- Lula apresenta para o presidente espanhol, Pedro Sánchez, um importante parceiro de negócios que levou na caravana oficial


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