domingo, 18 de fevereiro de 2024

Lula, o presidente do coração amargo e da língua solta

Um traço marcante da personalidade de Lula é sua leviandade com a situação dos países que visita. Por onde passa, ele não tem o mínimo senso de responsabilidade com o que fala. O chefão petista já havia passado do limite na passagem pelo Egito, ao falar sobre a guerra de Israel contra os terroristas do Hamas, em Gaza, usando dados do Hamas como fonte. Mas o pior foi o tom alterado das declarações, na condenação a Israel, que serve apenas para o aumento da tensão na região e elimina de vez o Brasil como mediador do conflito, aliás o único papel que o nosso país poderia ter nesta situação.


E esta é outra confusão reiterada de Lula nas viagens, na sua inconsciência do peso modesto do Brasil como ator global, quase sem potência alguma para pressões econômicas e muito menos do ponto de vista do poder militar. Uma boa travada que poderia ser dada nessas suas encenações bravateiras, quando tenta capitalizar em cima de situações graves sem ter nada de sólido a oferecer, seria sugerir um papel bem difícil de assumir numa dessas confusões. No Oriente Médio, por exemplo, o governo petista podia ser convidado a assumir a responsabilidade militar e estrutural da organização geral na Faixa de Gaza depois da retirada da Força de Defesa de Israel. Acho que Lula ficaria caladinho.


Com a falta de semancol internacional do falastrão, em um ano de governo o Brasil perdeu completamente sua histórica respeitabilidade como um país empenhando em atuar por acordos e a minimização de discórdias. No gogó irresponsável, Lula fez do nosso país um interlocutor indesejável, a não ser, é claro, quando em algum lugar precisarem de gasolina no fogo.


A sua fala que virou manchete em toda a mídia internacional é tão fora de propósito que parece ter o Hamas como ghost writer. Ele trouxe a retórica canalha da equivalência cruel entre Israel e os nazistas. Bem, segue a linha de quem insiste em uma equivalência entre um país atacado por terroristas e os agressores, do mesmo modo que faz com a Ucrânia e a agressão da Rússia.


É a fala de um cretino desumano, uma estupidez que até militância de rede social sabe que tem que evitar. O Holocausto é um assunto delicado para toda a Humanidade. Morreram seis milhões de judeus de forma planejada na Alemanha nazista. E cabe apontar contextos importantes. Na época, a população dos EUA era de 130 milhões. Atualmente é de 330 milhões. Israel tem 9 milhões.


“O que está acontecendo na Faixa Gaza não existe em nenhum outro momento histórico, aliás, existiu, quando Hitler resolveu matar os judeus”, foi o que ele disse, numa cretinice espantosa mesmo vindo de um governante que o mundo sabe que nada tem a oferecer que não sejam opiniões banais, a maioria delas equivocadas no sentido histórico e na possibilidade de  realização, entremeadas de grosserias inacreditáveis.


Na fala contra os judeus, ele fez questão de trazer até o nome do Fuhrer, chefe de uma máquina organizada de assassinatos em massa, sobre quem, por sinal, ele já disse que admirava a “disposição, a força, a dedicação”. E não se pode dizer que Lula não seja também um cara dedicado. Se alguém pensava que Jair Bolsonaro era o fundo do poço em matéria de grosseria e desmoralização da imagem internacional do Brasil, o petista mostra que pode cavar bem mais fundo.


Uma das melhores definições sobre Lula foi feita pelo sociólogo Chico de Oliveira, que foi um dos fundadores do PT e conhecia o petista desde o tempo de sindicalista — ele deixou o partido em 2003, depois de ser miseravelmente atraiçoado. Morreu em 2019. Ganha até de Alckmin, que falava da volta à cena do crime. Oliveira disse que Lula “não tem caráter”. O sociólogo foi certeiro. De fato, Lula é amoral. 


O petista é indiferente politicamente e até do ponto de vista pessoal. Mesmo a compaixão é zero. Não tem senso de humanidade nenhum: suas manifestações emocionais em público são premeditadas, buscando um ponto em que possa levar vantagem apelando ao sentimento dos mais pobres, mas na verdade, o que pensa de fato sobre as pessoas transparece nos seus atos falhos. Um exemplo é o menosprezo desumano da sua declaração recente, quando disse que “nenhuma mulher quer namorar um ajudante geral”.


Ele é amoral em qualquer questão. O que importa é onde e como pode lucrar com seu posicionamento. Daí a agressão injustificada aos judeus nessa sua desastrosa viagem ao Oriente Médio e a alguns países da África, ao mesmo tempo que se negou a se posicionar sobre a morte de Alexei Navalny, principal opositor do presidente russo Vladimir Putin, morto aos 47 anos na prisão, exatamente quando ele atacava Israel.


Mas é só uma questão de oportunidade. Ele mudaria com facilidade de opinião, se fosse mais vantajoso fazer o contrário — com críticas a Vladimir Putin pela morte do opositor e elogios a Israel no conflito em Gaza. Assim é o Lula. É preciso lembrar sempre do aviso do seu antigo companheiro Chico de Oliveira. Ele não tem caráter.

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Por José Pires

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