Lula e seu partido resolveram dar uma reforçada no erro, quando seria uma saída razoável manter a crítica ao modo que está sendo conduzida a operação militar de Israel na Faixa de Gaza, fazendo a ressalva quanto à equivalência imbecil com o que os nazistas fizeram aos judeus no Holocausto, que veio até com a menção do nome do Fuehrer. O pedido de desculpas teria o sentido de despojamento, além de respeito a quem se ofendeu, o que é falso tanto em relação ao Lula quanto a seu partido, mas vá lá: anularia o problema, mantendo a posição que Lula deseja expor mundialmente como material de propaganda da sua imagem.
Ora, acabei apontando uma ação prática totalmente fora do sentido petista. Mas cabe no que é preciso dizer sobre a tradição da esquerda brasileira em afundar cada vez mais o Brasil com a incapacidade de se debruçar no trabalho prático da resolução de problemas, a começar pelos mais básicos, deixando de lado seus dogmas e a histórica teimosia que impede inclusive o próprio sucesso das tais “políticas de esquerda”, que do ponto de vista da qualidade de vida da população, depois que o PT é chutado do poder nunca ficamos sabemos que raios é que era afinal essa joça.
Na insistência em atropelar a lógica e o bom senso pelo caminho errado, agora estão caçando apoiamentos à fala desabrida do boquirroto, para tornar uma alta filosofia qualquer besteira que ele diga. Já colhem aplausos à bobajada sobre a matança feita por Hitler, com o dístico “Lula tem razão”, aliás roubado do que os seguidores de Olavo de Carvalho diziam de seu mestre. Foram os olavistas que disseram primeiro “Olavo tem razão”.
Uma tiete da fala sobre Hitler é a atriz Susan Sarandon. Pois ela serve muito bem como exemplo do despropósito em que a esquerda se envolve, fazendo propaganda política mequetrefe quando deveria desenvolver debates esclarecedores, aprofundando conhecimentos e preparando melhor seus quadros. Mas é sempre assim. E nesta toada, depois de uma vitória eleitoral batem com a cabeça num muro intransponível de burrice e incompetência na hora de governar, porque nesta tarefa precisam contar com energúmenos treinados em debates vazios e mentirosos durante a eleição. E claro que incluo nesses quadros inviáveis as altas lideranças, os apedeutas que chefiam o bando.
Susan Sarandon faz parte de uma militância da esquerda dos Estados Unidos que serve mais para atrapalhar do que para melhorar a nossa vida. Esses azucrinados têm também uma ampla ação na Europa, como foi possível ver nas manifestações que falam em “Free Palestina”, sem mencionar o poder ditatorial do grupo terrorista Hamas sobre os palestinos da Faixa de Gaza. Free Palestina numa ditadura religiosa que matou e expulsou de Gaza os palestinos que tinham opinião diferente? É por aí que vai esse pessoal que apoia Lula e seu partido.
Esta atrapalhação esquerdista se espalha pelo mundo todo e pode acabar com a democracia em muitos lugares, até porque eles prejudicam muito mais quem batalha pela democracia do que os interesses da direita. O resultado prático dessa esquerda é bastante variado, na maioria das vezes absurdamente negativo. Foi o que aconteceu, por exemplo, quando apoiaram Ralph Nader na eleição presidencial de 2000 nos Estados Unidos, que baseou sua campanha na ideia de que não havia diferença entre Al Gore e George W. Bush. Essa é a ideia de gente como Susan Sarandon. Bem, não é preciso falar agora do estrago que causaram.
Depois, eles deram um reforço nos seus desacertos. Em 2016, a atriz fez campanha pesada contra Hillary Clinton. E deu certo: Donald Trump venceu. Sarandon queria Bernie Sanders como candidato, o que comprovadamente daria uma vitória mais fácil para Trump. A posição da atriz soa como traição, pois ao perder na disputa para a escolha do candidato do Partido Democrata, foi depois apoiar um terceiro candidato, uma mulher cujo nome nem vem ao caso porque desapareceu politicamente.
É a velha tática esquerdista de fazer militância de um modo que parece altamente virtuoso, mas que na verdade prejudica muito mais o consenso pela transformação de qualidade na política. São simplesmente radicais emburrecidos por dogmas anacrônicos. Atacando moderados, liberais e progressistas fora da esquerda e levantando pautas que dividem o eleitorado e tiram o foco do essencial, eles exigem um esforço redobrado dos liberais e criam um terreno favorável para a direita, especialmente dos projetos mais antidemocráticos. Sabemos como isso funciona. Há décadas essa deslealdade com o interesse real da população faz parte do ideário da esquerda brasileira comandada pelo PT.
É como atuam sobre esta questão de Gaza, agora numa irresponsabilidade perigosa, pela facilitação à infiltração do fundamentalismo islâmico em países do Ocidente. O Brasil também corre este risco. Mas esse pessoal é duro na queda, são figuras que precisam ser defendidas delas mesmas, até para que não acabem na submissão a regimes que abolem completamente a liberdade humana, inclusive com repressão às mulheres nas ruas, que apanham e podem morrer por não usarem um pano na cabeça.
E a queda no abismo, claro que é embalada por retórica contraproducente. Durante a campanha de 2016, Sarandon foi implacável com Hillary, no que ajudou Trump e até mesmo Vladimir Putin. O ditador russo esteve por trás de hackers que vazaram e-mails usados contra a candidata. Foram extremamente agressivas as críticas da atriz contra a candidata do Partido Democrata, e as porretadas prosseguiram mesmo com a vitória de Trump. A arrogância e a estupidez são inabaláveis. Um ano depois da derrota da candidata do Partido Democrata, a atriz afirmou ao The Guardian que os Estados Unidos estariam do mesmo jeito se Hillary fosse eleita.
É uma figura com esta capacidade de avaliação que os petistas exaltam, por seu apoio à besteira insultuosa dita por Lula. Mas o que dizer de um governo que se escorava até no “janonismo”, como foi chamado o esquema digital de táticas mentirosas e caluniosas lideradas pelo deputado André Janones (este gênio da teoria política que pensava que Emmanuel Macron era o presidente da Argentina)? Qualquer coisa serve para um projeto hegemônico de poder, que está sempre preso a apoios para mascarar equívocos desmedidos e a persistente má-fé.
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Por José Pires
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