Agenda do Lula. Hoje o presidente da República está em Cuba e o petista não podia ter viajado para lá em pior momento. Ontem morreu o preso político cubano Orlando Zapata Tamayo depois de passar 85 dias em greve de fome. Sua assessoria errou feio: viagem para Cuba só pode ser acertada depois de combinar direitinho. Ô Fidel, tem algum preso em greve de fome, algum fuzilamento? Não? Então estamos indo aí.
Os petistas costumam destacar a política externa como uma qualidade do governo Lula. Evidentemente não é uma situação como esta que vai fazer uma militância tão cabeçuda mudar de idéia, mas hoje Lula pode colher um resultado significativo desta política. Enquanto as nações ocidentais protestam em coro contra a morte de Zapata, que desde 2003 era classificado pela Anistia Internacional como "prisioneiro de consciência", o presidente do Brasil participa de um banquete com os irmãos ditadores. Levantarão um brinde pela morte do prisioneiro político?
Há pouco a blogosfera petista se gabava do prêmio concedido a Lula pelo jornal espanhol El País de "personagem ibero-americano de 2009". Pois podem correr agora para o site do jornal, que estampa a chamada “Lula llega a Cuba para respaldar al régimen castrista”. Nem precisa traduzir, não?
O prisoneiro político morto na véspera da chegada de Lula foi detido em 2003 numa onda de prisões na qual o regime castrista encarcerou 75 opositores. Tamayo havia sido sentenciado a três anos de prisão por desacato, desordem pública e desobediência, ou seja, fez o mesmo que um manifestante cutista faz em São Paulo ou em qualquer outra cidade brasileira (mas fazem bem mais na capital paulista, pois rende bastante para a candidatura petista), coisa para a qual aqui temos liberdade. Depois de preso, Zapata foi tendo condenações adicionais que elevaram sua pena em quase trinta anos. Segundo dissidentes, isso foi devido à sua atitude de desafio às autoridades na prisão
Não é improvável que com a presença de Lula, os irmãos Castro façam algum teatro liberando opositores presos, mas agora é tarde. Como já estão dizendo vários jornais, o respaldo do governo Lula à ditadura cubana é absoluto. Lula não diz nada sobre o desrespeito aos direitos humanos na ilha de seu companheiro. Logo mais, aliás, às 14h30, segundo sua agenda, ele estará confraternizando com Fidel Castro. Certamente não existe clima para fazer gracinha com o uniforme da Nike que Castro trocou pela farda.
Hoje Cuba é um país arruinado. Vive da boa vontade de Hugo Chávez, que de vez em quando também aparece por lá para posar com Castro. A ilha precisa de empréstimos externos até para comprar alimentos. Isso Karl Marx não previu: que alguém implantaria em seu nome o “socialismo na miséria” que tanto o desgostava.
Lula está levando algum dinheiro. Segundo o El País, o governo brasileiro aprovou um crédito de quase U$ 1 bilhão. Cerca de um terço servirá para a compra de alimentos e o resto vai para a produção de arroz e cana e a ampliação e modernização do porto de Mariel, entre vários projetos. Aliás, foi do porto de Mariel que saiu a leva impressionante de cubanos em fuga para os Estados Unidos em 1980, quando mais de 100 mil pessoas deixaram a ilha.
Tamayo era pedreiro. Sua greve de fome foi contra brutalidades sofridas na prisão. Por decisão de sua mãe, o enterro será em Banes, 700 quilômetros distante de Havana. Pegando um avião na capital cubana dá para chegar lá em pouco tempo, mas mesmo estando em ativa campanha eleitoral, com certeza nesse enterro Lula não vai discursar.
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POR José Pires
Os petistas costumam destacar a política externa como uma qualidade do governo Lula. Evidentemente não é uma situação como esta que vai fazer uma militância tão cabeçuda mudar de idéia, mas hoje Lula pode colher um resultado significativo desta política. Enquanto as nações ocidentais protestam em coro contra a morte de Zapata, que desde 2003 era classificado pela Anistia Internacional como "prisioneiro de consciência", o presidente do Brasil participa de um banquete com os irmãos ditadores. Levantarão um brinde pela morte do prisioneiro político?
Há pouco a blogosfera petista se gabava do prêmio concedido a Lula pelo jornal espanhol El País de "personagem ibero-americano de 2009". Pois podem correr agora para o site do jornal, que estampa a chamada “Lula llega a Cuba para respaldar al régimen castrista”. Nem precisa traduzir, não?
O prisoneiro político morto na véspera da chegada de Lula foi detido em 2003 numa onda de prisões na qual o regime castrista encarcerou 75 opositores. Tamayo havia sido sentenciado a três anos de prisão por desacato, desordem pública e desobediência, ou seja, fez o mesmo que um manifestante cutista faz em São Paulo ou em qualquer outra cidade brasileira (mas fazem bem mais na capital paulista, pois rende bastante para a candidatura petista), coisa para a qual aqui temos liberdade. Depois de preso, Zapata foi tendo condenações adicionais que elevaram sua pena em quase trinta anos. Segundo dissidentes, isso foi devido à sua atitude de desafio às autoridades na prisão
Não é improvável que com a presença de Lula, os irmãos Castro façam algum teatro liberando opositores presos, mas agora é tarde. Como já estão dizendo vários jornais, o respaldo do governo Lula à ditadura cubana é absoluto. Lula não diz nada sobre o desrespeito aos direitos humanos na ilha de seu companheiro. Logo mais, aliás, às 14h30, segundo sua agenda, ele estará confraternizando com Fidel Castro. Certamente não existe clima para fazer gracinha com o uniforme da Nike que Castro trocou pela farda.
Hoje Cuba é um país arruinado. Vive da boa vontade de Hugo Chávez, que de vez em quando também aparece por lá para posar com Castro. A ilha precisa de empréstimos externos até para comprar alimentos. Isso Karl Marx não previu: que alguém implantaria em seu nome o “socialismo na miséria” que tanto o desgostava.
Lula está levando algum dinheiro. Segundo o El País, o governo brasileiro aprovou um crédito de quase U$ 1 bilhão. Cerca de um terço servirá para a compra de alimentos e o resto vai para a produção de arroz e cana e a ampliação e modernização do porto de Mariel, entre vários projetos. Aliás, foi do porto de Mariel que saiu a leva impressionante de cubanos em fuga para os Estados Unidos em 1980, quando mais de 100 mil pessoas deixaram a ilha.
Tamayo era pedreiro. Sua greve de fome foi contra brutalidades sofridas na prisão. Por decisão de sua mãe, o enterro será em Banes, 700 quilômetros distante de Havana. Pegando um avião na capital cubana dá para chegar lá em pouco tempo, mas mesmo estando em ativa campanha eleitoral, com certeza nesse enterro Lula não vai discursar.
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POR José Pires
Um comentário:
Lula então vai banquetear com os criminosos... E depois ainda tem gente que acha paranóia temer que este governo petista acabe com a democracia que temos. Assim que puderem eles fazem isso no Brasil.
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