terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Desmoralizando os direitos femininos

É grande demais a lista de mulheres petistas que desmoralizam na política os direitos femininos. O ápice disso neste segundo mandato foi a descoberta das tretas de Erenice Guerra, ministra da Casa-Civil colocada no cargo por outra mulher que acabou sendo eleita presidente da República. É o exemplo máximo do conceito de "poder feminino" do PT. Dilma procurou escapar de complicações eleitorais alegando que foi enganada pela amiga do peito, ou seja, seguiu o exemplo do chefe que, na pressa de fugir de suas responsabilidades, prefere ser visto como incompetente do que corrupto.

Tirou sua candidatura de complicações com o caso de corrupção na Casa-Civil, mas como fica a imagem da mulher em um caso desses? Mas ela acabou vencendo a eleição, pode dizer alguém. Pois é disso mesmo que estou falando: estou convicto de que isso vai piorar ainda mais a imagem das mulheres na política. E todos sabem que a lógica do Tirica não dá certo com o PT. Fica pior, sim, seu abestado.

Outro exemplo em que questões de gênero exploradas pelo PT acabaram afundando foi com a governadora do Pará, Ana Júlia Carepa, que não volta ao governo no ano que vem. Ela não se reelegeu nem mesmo com toda a força, inclusive financeira, recebida da campanha de Lula e Dilma. Após quatro anos desastrosos ela perdeu a eleição para o tucano Simão Jatene.

Quando ela foi eleita, o PT fez uso nacional disso como um feito, afinal era a eleição de uma mulher em um estado de grandes carências e um histórico de violência em torno da pose de terras. Mas durante seu mandato a governadora se afundou em denúncias de corrupção e nepotismo. Carepa nomeou irmãos, cunhados e até o namorado para cargos do governo. Num dos estados mais pobres do país e uma região que ainda está em estágio de colonização, a petista se negou a morar na residência oficial e alugou com dinheiro do governo uma casa num condomínio de luxo, em Belém, com custo anual de R$ 60 mil, e determinou uma reforma no local orçada em R$ 148,5 mil.

Não é provável que tenha sido motivada por sua suposta índole feminista, mas a governadora nomeou como assessoras especiais a cabeleireira Manuella Figueiredo Barbosa e a esteticista Franciheli de Fátima Oliveira da Costa.

O estado do Pará acumula tensões em torno de disputas de terras, com a conseqüente destruição ecológica. O lugar é um foco de atenção mundial com a preocupação internacional com o desmatamento.

No estado governado pela petista foi assassinada em 2005 com sete tiros a freira Dorothy Mae Stang. E para comprovar que até nisso o PT não buscou resultados objetivos, neste mês surgiu a notícia de que continuam os desmatamentos no assentamento que a irmã Dorothy defendeu com a própria vida. Os agricultores da região ainda vivem ameaçados por pistoleiros e a floresta nativa é destruída.

Mas para desmoralizar qualquer questão de gênero, foi também no Pará que a polícia prendeu em 2007 uma adolescente de 15 anos numa cela com 23 homens. Durante quase um mês a menina sofreu torturas com queimaduras de cigarro e isqueiro. E foi estuprada por diversos homens todos os dias.

Também neste caso a ação da governadora foi lerda e ineficaz. E para abalar qualquer teoria feminista, a prisão da menina fora ordenada por uma juíza e a ordem cumprida por uma delegada. E a governadora, também mulher? A petista Ana Júlia Carepa só apareceu quando o caso virar notícia nacional e depois que o caso saiu do foco da imprensa nada fez para melhorar a situação da Justiça em seu estado. Ela vai deixar o sistema carcerário do Pará na mesma situação de horror que encontrou.

Questões de gênero? Na verdade vivemos em um país onde o tratamento digno da Justiça nada tem a ver com sexo. É uma questão de dinheiro. E no Pará não foi mudada a realidade que permite uma polícia truculenta prender uma menina com dezenas de bandidos numa cela e não impede criminosos de matar uma senhora.
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POR José Pires

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