quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

O ano em que José Serra virou Zé

Este foi o ano em que os brasileiros viram José Serra perder uma eleição que estava pra ele. Meses antes do começo da campanha o tucano era o preferido em qualquer pesquisa, mas errou tanto que entrou na eleição igualado a uma candidata que Lula tinha enfiado goela abaixo do PT e que tinha dificuldade até de dar uma simples entrevista. Não falava coisa com coisa.

Serra fez tudo errado, começando por não assumir logo a candidatura a presidente. Por fim, foi à luta, mas na sua chapa brigava-se mais entre os aliados do que com o adversário. O qüiproquó começou na escolha do vice (falando nisso, como era mesmo o nome dele?) e não parou até o final. Nem no segundo turno conseguiram conquistar uma unidade da candidatura.

O tucano teve oito anos para se preparar, mas acabou apresentando uma candidatura confusa, com dificuldade até de definir posição em relação ao governo Lula. Na sua crise de identidade, espantosamente até tentou pegar carona na imagem do presidente Lula e só voltou atrás na tática covarde quando viu que o eleitorado não aceitava esta estranha novidade.

Durante a errática campanha, Serra acabou virando Zé. Nas mãos de um marqueteiro sem nenhuma criatividade e distanciado dos políticos que compunham a aliança em torno da sua candidatura, ele tentou uma jogada várias jogadas populistas de olho na parcela do eleitorado encantado com Lula. No desespero para alcançar o segundo turno, apelou até para a Bíblia.

Em agosto, ainda na primeira semana do horário eleitoral gratuito eu escrevia aqui: “O marqueteiro dos tucanos é um gênio. Em poucos dias conseguiu fazer de um dos políticos brasileiros de identidade mais firme uma figura indefinida, que num momento ataca de frente a candidata Dilma e logo após afaga até com carinho o criador desta adversária, o presidente Lula”.

Quase um mês antes, ainda no início de julho, analisando o que os tucanos apresentavam na internet como pré-campanha, eu alertava sobre equivocado rumo populista que via na campanha: “Se o que Serra apresenta agora como suas marcas for determinar de fato a linha de campanha daqui até outubro, sua candidatura estará tomando o caminho errado”.

E deu mesmo tudo errado. Serra não criou durante a campanha nenhum espaço no pós-eleição para a oposição e muito menos para ele.

Rememore a desastrosa campanha tucana em alguns posts que publicamos à época. Para ler, clique nas chamadas.






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