quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Do mensalão para a crise no Rio

Recebo de tudo no meu correio eletrônico. Pois no informe que me enviam do PT vejo que o partido está absolutamente solidário com o governador Sérgio Cabral, do Rio, em suas ações policiais nas favelas cariocas. Chega a ser incondicional o apoio dos petistas ao que Cabral vem fazendo.

Só tem manifestações dando uma força ao governador. Nada sobre o sofrimento da população. É a diferença entre o PT no poder e o PT na oposição. Se estivessem na oposição os petistas só estariam falando na violência contra o povo, em casas arrombadas e saqueadas por policiais. Mas hoje os bravateiros estão noutra.

Mas para se meter a a dar pitacos em questões do crime organizado o PT não devia antes limpar seu nome no inquérito do mensalão que está no Supremo Tribunal Federal? É o que o bom senso exigiria. Até porque, se fosse pessoa física, o PT não serviria nem como avalista para alugar quitinete em qualquer cidade brasileira, muito menos no Rio.

Porém, lidar com o PT é como entrar em filme de terror. O espanto vem de todos os lados. Entre as tantas mensagens de solidariedade de seus parlamentares fico sabendo, por exemplo, que o deputado gaúcho Paulo Pimenta é o relator da CPI da Violência Urbana. É o tipo de coisa que serve para entender a dificuldade de encaminhar soluções para problemas como o da violência urbana.

A última notícia que tivemos de Pimenta foi que ele quase foi cassado durante o escândalo do mensalão em 2005. De lá pra cá submergiu e agora reaparece dando opinião sobre uma crise grave como a do Rio. Coisas do crime organizado também, mas no caso do mensalão, Pimenta tentava atrapalhar as investigações, tanto que teve que renunciar ao cargo de vice-presidente da CPI do mensalão.

Mas vamos ao que ele disse sobre o que acontece no Rio: “A idéia de uma parceria entre estado e União inaugura conceitualmente um momento novo no combate ao crime organizado no país”.

Vejam só, só depois de passados quase oito anos de governo o PT "inaugura conceitualmente" esta coisa novíssima que é a parceria entre estado e União. É duro ter que ouvir algo assim, não?

E é ainda mais difícil aturar a opinião do deputado Pimenta em questões do crime organizado porque ele é aquele deputado que na CPI do Mensalão foi flagrado dentro de um carro na garagem da Câmara dos Deputados junto com o publicitário Marcos Valério, um dos chefes do esquema do mensalão denunciados pela Procuradoria Geral da República.

Pimenta entrou de madrugada na garagem com Valério, sendo filmado pelas câmaras de segurança. E o que ele estava fazendo com o homem do braço financeiro do mensalão dentro de um carro na madrugada brasiliense? Durante a CPI, o deputado petista tentou empurrar documentos apócrifos incriminando parlamentares tucanos mas teve seu pedido negado. Os documentos teriam sido obtidos com o próprio Valério. Por causa do encontro suspeito na calada da madrugada, o deputado Pimenta teve que renunciar ao cargo de vice-presidente da CPI do mensalão. Mas foi só isso. Como a oposição é frouxa, a coisa ficou por isso mesmo.

Mas agora vê-se que ele tem a relatoria de uma CPI sobre um tema da importância da violência urbana, o que lhe dá influência sobre questões dramáticas vividas hoje pela população das mais importantes cidades brasileiras e que atinge até o interior do país. É mais um elemento que fortalece o prognóstico de uma vida longa para a violência urbana e para o terror.
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POR José Pires

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