terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Tuito, logo existo

Escrevi abaixo sobre os problemas da cantora Gal Costa com seu Twitter, uma complicação que mostra como é delicado este meio de comunicação. A verdade é que ninguém sabe ainda exatamente para que serve essa ferramenta tão delicada e por isso mesmo atualmente cabe tudo nela: recadinhos pessoais, gracinhas tolas, auto-confissões e, claro, tem espaço também para mensagens que valem a pena ser lidas.

Esse tipo de coisa aconteceu bastante no início dos blogs, quando proliferaram blogs falando de questões pessoais. Hoje o filtro natural da internet deu um sentido mais organizado para os blogs. O modelo que ficou ainda é o opinativo, muitas vezes com auto-referências, porém sem aquele clima de diário íntimo que no começo dava o tom da maioria.

Era a época do "tenho um blog, logo existo". E daí saiu muita besteira. O Twitter atualmente está numa situação bem parecida.

Daí o estilo de diário íntimo que toma conta dessa ferramenta. É claro que mesmo assim tem muita coisa aproveitável, mas como chegar a esses textos com algum sentido informativo? Quem é que tem tempo para seguir tantos tuiteiros comentando o que estão fazendo da vida? Essa é a questão que pode barrar o Twitter para quem não tem tempo para seguir dezenas ou até centenas de gente escrevendo besteiras, para fazer depois o trabalho de separar algo que preste entre tanta porcaria.


Em Twitter calado não entra mosca
Gal Costa não aguentou a pressão depois que comentou sobre um prestador de serviços que alegou dor de cabeça para adiar o conserto do ar-condicionado da sua casa. Daí, abandonou o Twitter.

Mas tem também os que abandonam o Twitter exatamente para não sofrer pressões por causa de algum comentário infeliz. Foi o que aconteceu com a presidente Dilma Rousseff, que desapareceu do Twitter.


Vejam acima a última mensagem dela, escrita em 2010. Ela promete "conversar mais" em 2010, mas foi igual promessa de campanha. Depois disso, ela sumiu. E com este descaso seu Twitter ficou até engraçado. Parece uma daquelas tantas piadas involuntárias que ela fazia como candidata.

A penúltima mensagem é uma promessa de solidariedade ao governador do Rio: Sérgio Cabral. Dima escreve: "Quero dar minha solidariedade ao povo do Rio e apoio ao Sergio Cabral. Estamos juntos nesse enfrentamento com o crime organizado".

E o cenário político mudou tanto que os dois nem podem faturar politicamente com este caso. Agora o problema no Rio são as mortes com as chuvas, que já estão perto de mil.

Desde que venceu as eleições, Dilma nunca mais postou algo e nem teria como fazer isso sem arrumar uma confusão por semana. É um dos problemas do uso do Twitter para fazer política. É que em política existe o tempo de se calar, o que é incompatível com o funcionamento do Twitter. E Dilma está nessa época em que é melhor não escrever ou falar qualquer coisa da própria cabeça. Mas isso passa. Mais uns quatro anos e ela poderá voltar a escrever em seu Twitter.

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POR José Pires

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