quinta-feira, 1 de março de 2012

De olho nos peixes

O senador Marcelo Crivella foi nomeado para o Ministério da Pesca, a incrível pasta criada pelo PT. É um ministério insignificante, mas de qualquer forma lida com um assunto específico com o qual o escolhido não havia mostrado até hoje nenhuma proximidade. Crivella é um assim chamado “bispo” da Igreja Universal do Reino de Deus. Mais que isso, é sobrinho do dono da igreja, o auto-intitulado bispo Edir Macedo. É seu predileto e certamente seu herdeiro.

A nomeação do bispo da Igreja Universal para o Ministério da Pesca dá espaço para a piada fácil sobre a multiplicação dos peixes. Mas essa gente não é de multiplicar peixe algum. O negócio deles é tomar o peixe dos pobres. Já se veicula que o verdadeiro motivo da nomeação de Crivella seria aplacar a ira dos evangélicos com as encrencas armadas pelo governo petista e sua militância. Outra razão seria fortalecer a candidatura de Fernando Haddad a prefeitura paulistana. A eleição em São Paulo virou uma guerra santa para PT, que está fazendo tudo para emplacar o candidato nomeado por Lula — a coisa está assim: agora no PT tem nomeação até de candidato.

No meio de tudo isso nós temos a rede de comunicação da Igreja Universal, concentrada na Rede Record e que tem jornais, rádio e a própria televisão cobrindo o país todo. E alguém pode achar que o bispo Macedo está sozinho nessa?

Uma coincidência que dá firmeza a suspeita de que esta empreitada vem sendo fortalecida também de fora da Igreja Universal é que lá na TV Record vão parar todos os jornalistas que prestam um bom serviço na internet de defesa do governo e ataque cerrado contra a oposição. Os cargos são sempre muito bem pagos, é claro.

A rede de comunicações da Igreja Universal junta controle da informação, religião fundamentalista e políticos com poder direto sobre a comunicação, além de ter como base a manipulação de sentimentos religiosos, de onde inclusive veio de início o dinheiro para a montagem da forte estrutura desta igreja que se sustenta da exploração da crença religiosa principalmente dos mais pobres.

São ingredientes péssimos para a democracia de qualquer país, mas especialmente perigosos para um sistema político como a nosso, que até hoje não se acertou. Enquanto as militâncias incitam a ira contra a TV Globo, Folha de S. Paulo, revista Veja e outras publicações, vão chocando o ovo desta que é a verdadeira serpente.
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POR José Pires

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