quarta-feira, 6 de junho de 2012

O alimento em outras mãos

A trágica morte do principal executivo da fábrica de alimentos Yoki acabou trazendo também outra má notícia que estava restrita às seções de economia dos jornais e sites. A Yoki foi vendida há poucos dias para a companhia americana General Mills. É mais um lance da desnacionalização de indústrias e empresas no Brasil que atinge vários setores da economia. Isso tem ocorrido até na área editorial. Várias editoras brasileiras estão hoje sob o controle de grupos estrangeiros, que ocupam cada vez mais espaço inclusive na edição de livros didáticos.

Marcos Kitano Matsunaga, diretor executivo e membro da família que fundou a Yoki, foi morto e teve o corpo esquartejado. Sua mulher está presa como suspeita do crime. A negociação que levou à venda da empresa para o grupo estrangeiro foi feita enquanto Matsunaga estava desaparecido.

A General Mills pagou R$ 1,75 bilhão pela Yoki e pretende ampliar suas vendas anuais na América Latina para US$ 1 bilhão, que é mais do que o dobro do que vende até agora.

A aquisição feita pela gigante americana faz parte de sua estratégia de conquista do mercado brasileiro de alimentos. Um comunicado feito pela empresa logo depois de fechado o negócio afirma o seguinte: "A Yoki acrescenta recursos chaves e escala geográfica que irão acelerar o nosso crescimento no Brasil". O comunicado diz ainda que haverá a expansão no Brasil dos negócios de duas outras marcas da empresa, a Haagen-Daz e Nature Valley, além da introdução de "novas marcas da General Mills nesse importante mercado".

A entrada de uma empresa desse porte na área de alimentos certamente também irá influir de forma decisiva na relação com os agricultores brasileiros, categoria que têm sofrido bastante nos últimos tempos com a imposição de preços e condições de negociação de seus produtos em um mercado cada vez mais monopolizado.

A General Mills atua em mais de 100 países. No Brasil, só com a Yoki ela passa a comercializar mais de 600 produtos de nove marcas. Produtos que, por sinal, sempre foram muito bons. O Brasil vai ficando cada vez menos brasileiro e perdendo a capacidade de fazer seus próprios produtos. Se continuar assim, logo mais não teremos mais nem pipoca brasileira.

E aqui concluimos a ligação dos pontos: a Delta foi comprada pelo Grupo JBS.
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POR José Pires


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Imagem: Yes, nós temos popcorn!


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