sexta-feira, 1 de março de 2019

A raiva que se autoalimenta nas redes sociais

Foi aberta a temporada de linchamento nas redes sociais por causa de besteiras escritas contra o ex-presidente Lula, tendo como base a morte de seu neto. É impressionante a ferocidade com que as pessoas caem em cima de alguém que fez uma bobagem, que poderia ser consertada com  um pedido de desculpas ou talvez um processo, mas de forma alguma com a violência que está acontecendo.

Duas vítimas que consegui identificar são mulheres. Concordo que é indecente o que foi publicado por ambas, mas a reação em massa é desproporcional à tolice feita.

Para uma delas planejam manifestações em frente ao salão de beleza de sua propriedade e já lotaram de insultos e ameaças sua página no Facebook e a página da sua empresa. O resultado evidentemente será desastroso, tanto na sua vida pessoal como para seu trabalho.

E o mais lamentável é que tanto furor é consequência dos compartilhamentos feitos pelas próprias pessoas que se dizem revoltadas com os posts impensados que foram apagados de imediato pelas autoras, logo que elas tomaram consciência da bobagem que escreveram.

Ou seja, um post reprovável que provavelmente mereceria apenas uns puxões de orelhas de amigos e familiares acaba tendo uma repercussão nacional provocada exatamente pelo repúdio, que vai num crescendo de violência, criando um clima que nada tem a ver com a compaixão ou o respeito pela morte de uma criança. Na verdade, isso só vai piorar o que já não começou bem.

A desastrosa ciclovia do Rio demonstra muito bem o risco que os nossos administradores públicos são para a população e o perigo sério que é ser homenageado por eles. A memória de Tim Maia que o diga.
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POR José Pires

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