Na minha opinião, o que Greenwald e seus companheiros da esquerda esperavam era que mesmo sendo de pouca relevância, o material teria condições de criar o clima para o STF libertar Lula. Também desestabilizariam o governo de Jair Bolsonaro. Esperavam uma demissão do ministro Sérgio Moro, o que equivaleria a um enfraquecimento político muito grave desse governo. No entanto, ocorreu o contrário. Foi muito rápida a percepção da relação de fortalecimento mútuo entre Moro e a Lava Jato. Mais que isso, no chamado imaginário dos brasileiro o ministro Moro mantém o prestígio do juiz da Lava Jato.
O site de Greenwald não pode ser levado a sério do ponto de vista jornalístico. É um site ativista de esquerda, daqueles que sempre estiveram na linha de frente da defesa de Lula e do projeto político da esquerda. Greenwald nunca se preocupou com o alto nível de corrupção os governos do PT nem com a destruição econômica que gradativamente foi criada por Lula e Dilma Rousseff. No Brasil ou no exterior, suas falas sobre Lula e os acontecimentos políticos do país não diferem de qualquer militante esquerdista, desses que sem nenhum espírito crítico idolatram às cegas o chefão petista.
Depois de fazer o serviço de militante, usando seu site na tentativa de atingir Moro com vazamentos que parecem de origem criminosa, Greenwald correu para a Folha de S. Paulo procurando turbinar o material com a credibilidade de um grande jornal, mas aí ficou fortalecida a impressão de que ele não tem a posse de diálogos que impliquem no descrédito do ex-juiz da Lava Jato. A chamada escandalosas de capa para a matéria deste domingo da Folha não combinava com o conteúdo fraco da reportagem. E não faz nenhum sentido que já com alguns dias de polêmica o jornal encampasse o assunto trazendo diálogos ainda menos relevantes do que os que já haviam saído no site de propriedade de Greenwald.
Segundo a matéria, Greenwald levou tudo para a Folha, em um pacote que contém textos, áudio, fotos e vídeos. Tem até diálogos de jornalistas com procuradores, o que colocou a direção da Folha numa situação nada ética, da cumplicidade de fuçar nas conversas privadas (e essas sim com sigilo de fonte) de seus concorrentes. Mas independente da falta de respeito, o que se pergunta é onde está, afinal, a bomba de que Greenwald vem falando desde que começou a vazar conversas privadas de autoridades.
Na edição desta terça-feira da Folha, o editorial do jornal parece encaminhar este assunto à sua devida condição, bem aquém do escândalo que a esquerda esperava criar. O editorialista repete o que já foi escrito em vários lugares e foi dito por muita gente, que a condenação de Lula se deu em três instâncias, o que desmonta o raciocínio de que houve uma condenação combinada pelo celular. O texto afirma também que as mensagens “talvez tenham sido obtidas de forma criminosa”, o que para muitos é praticamente uma certeza. E diz também que “ainda não se atestou a autenticidade das mensagens”, que, digo eu, é um procedimento impossível neste caso. Não há materialidade alguma nem fonte.
Essas afirmações vindas de um editorial do jornal que há poucos dias aceitou fazer uma parceria com o The Intercept na publicação das mensagens subtraídas de conversas privadas talvez tenham sido escritas para situar o assunto em seu devido nível, como especulação política e não a bomba jornalística sonhada pela esquerda. É possível até que essa esfriada tenha vindo a partir de uma discussão interna sobre a responsabilidade do jornal. De qualquer forma, se o material entregue por Greenwald fosse de alto impacto, o leitor da Folha já teria lido a notícia no domingo. E o jornal não estaria agora publicando um editorial que parece a confissão de que o escândalo do ano deu chabu.
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POR José Pires
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