quinta-feira, 20 de agosto de 2020

Bolsonaro e a estratégia do levantamento de anão

Esse pessoal do jornalismo e desses programas de conversa fiada do rádio e da televisão que costuma ver grandes valores estratégicos por detrás das bobajadas de Jair Bolsonaro tem a obrigação de nos explicar qual é o segredo político que envolve esta atitude inusitada do nosso presidente de levantar anão em meio a seguidores fanáticos. 

 

Na segunda-feira, durante visita a Aracaju para a inauguração de uma usina termoelétrica, o presidente levantou um anão do chão. As imagens se espalharam pela internet nesta quarta-feira. A dúvida é se foi por incompetência até para a demagogia que Bolsonaro pegou no colo o homenzinho confundindo-o com criança ou o gesto foi premeditado, em um golpe de marketing com conteúdo simbólico que pode influenciar a seu favor o atual jogo de forças na política brasileira. 

 

É necessário esclarecer o peso estratégico desse negócio aí de levantar anão, que pode ser uma jogada inteligente, com um resultado que pode interferir nos rumos do país. Não é a primeira vez que Bolsonaro faz isso, o que permite longos debates sobre a intrincada arquitetura política que sustenta o que pode ser mais um plano genial do presidente. 

 

Até agora o Palácio do Planalto não lançou nota oficial. Também não se sabe como o STF avalia juridicamente o fato. Rodrigo Maia ainda não deu bola pro assunto. E como Caio Coppolla e Alexandre Garcia encaixam o gesto entre tantas sacadas geniais que afirmam que saem da cabeça privilegiada de Bolsonaro?  

 

A Globo News precisa também dedicar umas horinhas debatendo este levantamento de anão. Diga algo, Adrilles Jorge. Destrincha essa, Constantino. Explica, Fiuza. Augusto Nunes e seus colegas da Jovem Pan estão com a obrigação de dar a costumeira passadinha de pano para mais esse lance habilidoso do presidente. 

 

A questão também necessita de apreciações do ponto de vista científico. Leandro Karnal e o Pondé podem trazer a base filosófica de um evento tão transformador. Acadêmicos e cientistas precisam ser consultados. O Datafolha não vai sair em campo para comprovar, com números exatos, se os brasileiros aceitam esta nova forma de fazer política levantando anões?  

 

Para que a opinião pública tenha um entendimento pleno da situação espera-se a contribuição de jornalistas e especialistas que estão o tempo todo apontando um grande lance de Maquiavel onde não existe nada mais que um idiota do baixo clero da política a quem foi dada erradamente a faixa de presidente da República.

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POR‌ ‌José‌ ‌Pires‌


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