sábado, 29 de agosto de 2020

Bolsonaro e suas companhias

Na sua live desta quinta-feira o presidente Jair Bolsonaro teve a companhia da ministra Damares Alves, com a óbvia intenção de descolar sua imagem da deputada Flordelis. Logo que a deputada foi apontada pela Polícia Civil do Rio e o Ministério Público como mandante da morte de seu marido, o pastor Anderson do Carmo, começaram a aparecer nas redes sociais vários vídeos de Damares fazendo emocionados elogios à acusada. Fotos de Bolsonaro com Flordelis também foram sendo publicadas.

 

Na live com o presidente, Damares veio com a conversa de que foi enganada por Flordelis, procurando colocar a relação dela com o governo no âmbito de relações formais em torno uma pauta específica. E isso não é verdade. Flordelis tinha relações preferenciais com sua pasta e teve um papel importante na campanha de Bolsonaro no Rio, onde foi muito bem votada. É muito clara a relação eleitoral entre ela e Bolsonaro na última eleição. Aquela base conceitual asquerosa é a mesma.

 

A deputada atuou intensamente para difundir os conceitos atrasadíssimos que fortaleceram Bolsonaro, em questões como o aborto e os direitos dos homossexuais, fortalecendo esta pauta eleitoral com a imagem mentirosa de líder religiosa. A família de Bolsonaro também parece ter proximidade pessoal com Flordelis. No dia em que o marido da deputada foi morto a tiros, Eduardo Bolsonaro afirmou em um post de condolências que ele era seu “amigo de futebol em Brasília”.

 

O que importa para Bolsonaro agora é livrar-se do comprometimento moral com as relações com a deputada caída em desgraça, mas nesta sexta-feira já apareceu a necessidade de explicação sua sobre uma relação ainda mais especial. A prisão do pastor Everaldo Pereira ocorrida hoje no Rio exige um esclarecimento, afinal foi ele quem batizou Jair Bolsonaro nas águas do Rio Jordão. Ora, se como dizem, pode-se conhecer alguém pelo nível de suas companhias, diga-me quem te batizaste que saberei ainda mais dizer quem tu és.

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POR‌ ‌José‌ ‌Pires‌


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