O deputado Ricardo Barros foi alvo de um mandado de busca e apreensão em seu escritório em Maringá, em operação da Polícia Civil e o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado, o respeitado Gaeco do MP estadual. Outros locais foram alvo de busca, no Paraná e em São Paulo.
A investigação é sobre pagamento de R$ 5 milhões em suborno, que teria sido feito a Ricardo Barros para intermediar negócios junto à Copel, a estatal de energia do Paraná. A acusação foi feita por delatores, que relataram a entrega de R$ 5 milhões ao político do PP. Segundo a delação, Barros teria recebido R$ 1,55 milhão em espécie, com outros R$ 3,53 milhões sendo pagos como doações eleitorais ao Diretório Nacional do PP (Progressistas), do qual era tesoureiro.
O site O Antagonista deu a notícia em primeira mão em agosto do ano passado. Conforme a delação, os valores foram negociados e pagos entre 2011 e 2014. Cabe lembrar que de 2011 a janeiro de 2019 a mulher de Barros, Cida Borghetti, foi vice-governadora do Paraná, tendo assumido o cargo em abril de 2018 quando o titular e também acusado de corrupção Beto Richa se desincompatibilizou para disputar o Senado.
Barros é líder de governo de Jair Bolsonaro na Câmara dos Deputados, tendo sido alçado ao cargo como uma grande esperança dos governistas de fortalecimento da articulação com o Legislativo. Logo que tomou posse, Barros foi explícito sobre os termos dessa articulação. Ele disse que Bolsonaro começou a fazer “política como ela é”. O deputado também se definiu como “um político de resultados”. Bem, o resultado é que o governo está com um líder encalacrado com uma acusação séria de corrupção. Eu diria que isso qualifica de um modo pouco confortável os interlocutores.
Tomara que nas confabulações com Bolsonaro para acertar a nomeação tenha ficado claro para o presidente que essa forma de "real politik" implica em polícia batendo na porta de lideranças do governo. E note-se que o trabalho mal começou: Barros foi oficializado na função de líder do governo na Câmara há menos de um mês.
Mas, ainda falando em profissionalismo, quem foi direto ao ponto nesta questão foi o senador Major Olímpio. “Pode algemar e prender”, ele disse. O senador do PSL paulista está atualmente rompido com Jair Bolsonaro, sendo uma das pessoas que melhor conhece os bastidores do governo, além de ter tido convivência pessoal com Bolsonaro, com participação ativa e de primeira hora na campanha do presidente eleito com a bandeira da anti-corrupção.
Mas não é só por este conhecimento político que chama a atenção a opinião do senador sobre a operação que teve como alvo Ricardo Barros. Major Olímpio chegou a comandar equipes da Polícia Militar em operações em São Paulo, onde com certeza enfrentou barras muito pesadas, além de ter adquirido com certeza muita experiência sobre psicologia do crime.
O senador pode falar como especialista. E como se dizia antigamente, usando um termo ligado ao assunto, Major Olímpio foi em cima da bucha na análise do caso: “Em algumas abordagens a suspeitos, pode algemar e prender. Ainda não sabemos o que ele fez, mas que fez fez”.
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POR José Pires
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