Com esta foto, em 1994 o fotógrafo sul-africano Kevin Carter ganhou o Pulitzer, o prêmio de maior prestígio da imprensa dos Estados Unidos. Ninguém sabe o que aconteceu com a criança sudanesa agonizante de fome.
Carter disse que esperou alguns minutos que o abutre fosse embora, mas isto não aconteceu. Então tirou a foto, enxotou a ave e em seguida saiu dali.
Não estou comparando os nossos abutres locais com este fotógrafo que, na situação da foto, não tinha mesmo o que fazer. Ele não estava ali para dar ajuda aos miseráveis. E até havia, pelo risco de doenças, a advertência para que não se tocasse nos famintos.
E afinal sua foto cumpre um papel muito importante na luta contra os sistemas políticos e econômicos que criam cenas como essa. Para mim, é a imagem perfeita do embaraço humano, que cria meios para levar o fotógrafo ao local e, entre tantas maravilhas técnicas, coloca a imagem em segundos na internet, mas não permite a ajuda à criança. E é claro que gente como Carter, que vive de perto o drama, sofre bem mais do que nós na frente de um computador. O dilema entre exercer a profissão ou dar a mão à criança faminta é difícil de suportar.
Carter era também um jornalista ético, consciente. Certamente não perseguiria uma mãe em luto. Ele cobriu o horror do apartheid sul-africano e outros graves problemas humanos vividos na sofrida África. Teve uma vida profissional dura. A responsabilidade sobre esta imagem e o peso de tantas outras barbaridades vistas de frente o levou a suicidar-se meses depois de receber o prêmio.
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POR José Pires
terça-feira, 8 de abril de 2008
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Um comentário:
o fotografo nao teve no minimo a coragem de dar comida a pobre da criança.... fogo... egoísta
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