terça-feira, 28 de outubro de 2008

Lições lulistas de economia

Lula está decepcionado com os grandes banqueiros. Na semana passada ele pediu que eles facilitassem o crédito, mas não é isso que os grandes bancos devem fazer. A Folha de S. Paulo informa hoje que a prioridade no momento é construir um “muro de liquidez”, o que em trocados significa fechar a mão e manter o caixa com alguns tostões e só emprestar com garantias sólidas do tomador.

Na crise que já está aí e sem nenhum indicativo de que seja uma “marolinha”, como disse Lula fazendo pouco caso do problema e da inteligência alheia, mais vale um tostão na mão que dois voando no crédito. Há poucas garantias de que esses dois voltem logo como quatro ou até cinco, como acontecia antes da crise. E banco, talvez só Lula não saiba, vive disso.

Será que é difícil para Lula perguntar o que seu presidente do Banco Central acha desses negócio de apelar para o patrotismo de banqueiros? Meirelles foi banqueiro, era presidente do Citybank, e poderia esclarecer muito bem com funciona o coração de um banqueiro.

Lula é um homem de rompantes, talvez por ter uma personalidade multifacetada, o que faz com que ele cometa demais o erro de dar opinião de peão onde o exigido é a fala do chefe de Estado. O contrário, o peão falar como chefe de Estado, evidentemente é raro acontecer.

A face do peão é eleitoral. E como Lula vive em campanha, esta prevalece. E não vai ser fácil enfrentar a crise com um líder que não desce do palanque eleitoral. Lula só governa de olho em 2010, ou 2012, ou 2014, o que vier pela frente. Já está aprendendo que não elege poste, mas parece longe de entender que não tem a capacidade de estimular bons sentimentos em banqueiro apenas apelando para o gogó.

A crise não é nova. Os avisos são bem antigos e a coisa é tão séria que até a Exame, revista espetacularizadora da economia, já deu capa há mais de um ano alertando para o problema. E quanto à falta de crédito no mercado, Lula não é aquele especialista que há pouco tempo dizia para o brasileiro ter um pouco mais de vergonha na cara e parar de usar o cartão, cheque especial e outros meios de endividamento?

Porque agora teria de ser diferente. Lula poderia exercitar seu senso de economia de dona-de-casa (lembram daquela besteira que administrar um país é o mesmo que administrar uma casa?), convocar uma rede nacional de televisão e mandar a indústria, o comércio, a agricultura e e pecuária, fazer o mesmo que ele pediu à classe média. Com uma receita dessas, iriamos para o buraco de vez, mas é o que uma dona-de-casa faria, mesmo se ela habitasse o Palácio do Planalto.

O pito na classe média foi seu lado peão analisando economia. Só faltava a pinga, se é que faltava. Mas para enfrentar a crise atual o ideal mesmo era o governo estudar o episódio dos cartões corporativos, um objetozinho magnético que tinha poder para comprar de tudo, de tapioca a aluguel de carrões luxuosos.

Lembram do assunto? A economia do País ia bem, empurrada pela boa situação econômica internacional e o governo Lula só gastava, inclusive com os tais cartões. Pois bem, pode estar aí a solução para o fechamentro do crédito. Já que os bancos não abrem a mão, o negócio é distribuir cartões corporativos para a indústria e o comércio.
.......................
POR José Pires

Nenhum comentário: