quarta-feira, 8 de outubro de 2008

No país dos petralhas

O jornalista Reinaldo Azevedo publicou há algumas semanas o seu esperado livro “O País dos Petralhas”. O que posso dizer se não que não li e já gostei? Ou melhor, parte do livro já li com muito gosto, pois em grande parte a edição é resultado de uma compilação de textos de seu blog, um dos mais importantes da internet brasileira.

O livro foi lançado ontem em São Paulo na Livraria Cultura, em São Paulo, com sucesso merecido. A foto ilustrativa roubei do blog dele que, por sua vez roubou do blog de Barbara Gancia − como os petistas dizem quando são pegos em flagrante, ladrão que rouba... O monte de gente com o mesmo modelo de chapéu na cabeça se deve a uma ótima idéia promocional da editora que distribuiu aos convidados chapéus iguais ao que Reinaldo Azevedo passou a usar depois que foi operado de câncer na cabeça. Para azar dos petralhas, eram benignos.

Não li e já gostei não por alguma incondicional adesão ao pensamento político do autor. Nada disso. Reinaldo Azevedo atrai muita discussão e incompatibilidades idem. Não fosse assim e seu blog não teria alcançado a expressão que tem hoje, um espaço que, para alguns, é uma brava barricada contra a instrumentalização do Estado pelo PT, e que para outros, muitos deles, é um espaço em que a inteligência e a polêmica estão muito bem representadas. E a ferocidade também. Reinaldo Azevedo não é fácil. Ele pode até odiar a comparação − sempre é melhor ser visto como um Voltaire −, mas é o nosso Marat sem guilhotina.

É admirável o espaço político e profissional conquistado em pouco tempo por Reinaldo Azevedo. Em menos de três anos de atividade, seu blog é uma referência na política e na imprensa brasileira. Tirando as inevitáveis discordâncias neste ou naquele assunto, ciscos em relação ao conteúdo total de seu blog e natural, inclusive, no que ele pretende, as discussões nascidas em seu blog tem sido de extrema importância no combate ao aparelhamento político do Estado pretendido pelos petistas e em suas tentativas para costurar na parca democracia que aí temos retalhos autoritários que favoreçam seus planos para se perenizarem no poder.

E os petistas sabem da importância do que ele vem fazendo. Tanto que o atacam sem trégua − ele e seu amigo Diogo Mainardi, contemplado com um sem par de processos − e tentam criar na internet, na corrente de blogs chapa-branca, uma contra-informação para amenizar os estragos causados quase todo dia na retórica governista.

O título do livro, "O País dos Petralhas" (veja a capa ao lado), vem de um neologismo criado pelo autor, uma sacada política e de linguagem, coisa simples e bem eficiente. Ele juntou as palavras petista e metralha, esta última vinda do bando dos Irmãos Metralhas, dos quadrinhos de Walt Disney, e a primeira vocês sabem de onde. Deu petralha. E, para o horror dos petistas, acabou pegando, como se diz, na veia. Não dá para sangrar o Lula, mas causa um estrago danado e, pior, parece uma expressão que vai ficar.

Como eu já disse, não há como se enganar com o livro: é bom com certeza. Reinaldo Azevedo escreve bem e tem uma capacidade de análise espantosa, demonstrada até em opiniões das quais discordo totalmente, como, por exemplo, o alto apreço pela figura de Bento XVI ou sua contrariedade com as pesquisas de células embrionárias.
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POR José Pires

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