quinta-feira, 5 de maio de 2016

O prazer da malcriação

Observando as transmissões das sessões da Comissão de Impeachment do Senado fiquei pensando o que é que pode levar uma pessoa a exercer o papel grosseiro que os senadores governistas desempenharam nas reuniões. Talvez eles pensem que ficaram bem na fotografia, mas serão lembrados é por terem se comportado de forma detestável. Vários vídeos desses malcriados já são campeões de audiência no Youtube. Eles são extremamente grosseiros até com convidados que compareceram ao Senado para dar sua contribuição aos trabalhos da comissão. E obviamente desrespeitam também os próprios colegas, de tal forma que seria o caso até de perguntar se eles pretendem abandonar o Senado e ir embora com Dilma para a casa dela, porque me parece que a convivência deles com os demais senadores vai ficar difícil depois do impeachment.
Mas quando a gente puxa um pouco pela memória logo vai se lembrar que os petistas foram sempre encrenqueiros, agindo com todos dessa forma desrespeitosa, pelo menos até a vitória de Lula em 2002, que ocorreu só depois de um marqueteiro — o publicitário Duda Mendonça — ter convencido o partido de que para ser competitivo Lula teria que ao menos aparentar ser educado. O chefão petista aprendeu também com o marqueteiro a se vestir melhor e descobriu o bem que pode fazer para a aparência pessoal um bom corte de cabelo e barba. Tenho a impressão até que nessa época ele passou a tomar banho com mais regularidade. Um marqueteiro faz milagres.
Foi mesmo profissional a guaribada do Duda Mendonça, no entanto a verdade é que a mudança foi só por fora. Por dentro — bem, por dentro continuava a ser este mesmo PT que ressurge agora nesta derrocada. Grosseiros, intransigentes, pouco dispostos a ouvir e ainda com menos boa vontade de admitir seus erros. Para ser exato, deram uma guinada de 360 graus, voltando a demonstrar aquele caráter abominável mascarado pela propaganda. E agora que eles voltam a ser o que eram antes de alcançar o poder, creio que vale perguntar qual é fator que faz os petistas serem tão detestáveis? Pode ser doença, como a piada que costumam fazer nas redes sociais, afinal certos problemas psicológicos podem explicar este prazer pela crueldade.
Ou será alguma coisa que eles bebem? Não sei se o PT tem algum ritual com bebida, do tipo do Santo Daime, mas pode ser que apareça alguma revelação em áudios futuros da Polícia Federal. O fato é que esta beligerância tem que vir de dentro do partido, porque quando uma pessoa deixa de ser petista sempre ocorre uma mudança pra melhor. Vi isso na Marta Suplicy, que no PT era uma pessoa de maus bofes, insuportável mesmo. Ela criava lamentáveis encrencas em sessões do Senado, mas depois que foi para o PMDB ficou um doce. Até a vi nesses dias em reunião da Comissão de Impeachment, pedindo uma questão de ordem à mesa e dando uma sugestão aos ex-colegas do PT para que cessassem de interromper o tempo todo com assuntos que já estavam claros para os demais participantes. O pedido foi feito com a maior educação, mas o senador petista Humberto Costa a interrompeu aos gritos, acusando-a de estar tentando "passar um carão" na bancada governista. No entanto, Marta ficou na maior paz, sem reagir a este absurdo. Fiquei muito surpreso. Isso só pode ser porque agora em outro partido ela deixou de beber a gororoba ritualística do PT. Já o senador Humberto Costa parece que continua bebendo. E pelo jeito ele é do tipo que volta a entrar na fila para tomar mais um gole.
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POR José Pires

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