O presidente da República interino, Michel Temer, é modesto como poucos. Nessa terça-feira ele falou sobre a qualidade de reconhecer um erro. "As pessoas estão acostumadas a quem está no governo não poder voltar atrás, se errou tem que ter compromisso com o erro. Nós somos como JK, não temos compromisso com equívoco", ele disse, se referindo obviamente ao caso do Ministério da Cultura, recriado por ele depois de ter sido transformado numa secretaria do Ministério da Educação. O presidente está certo. O fechamento do Ministério da Cultura desagradou a muita gente, inclusive quem tem consciência do problema muito grave que é o aparelhamento da nossa cultura, hoje tomada pelo Brasil afora por esquerdistas que pregam um ativismo muito besta.É gente subvencionada e a serviço de um projeto de poder que perdeu totalmente o rumo, restando essa ligação com o Estado como mero meio de vida. Daí o desespero com a queda do PT. Não é um problema só do Ministério da Cultura. Criou-se em todo o país uma lamentável casta de burocratas da cultura em todos os níveis da administração pública, nas universidades, escolas e até em organismos da iniciativa privada.
É preciso acabar com esse aparelhamento, que vem destruindo a cultura brasileira. É grande o estrago feito por esses tataranetos de Jdanov, o teórico stalinista do regime comunista soviético. No entanto, politicamente não foi um bom começo o fechamento do Ministério da Cultura. Ainda bem que Temer percebeu logo o erro de de numa hora dessas dar uma bandeira de luta exatamente ao setor do petismo que está mais forte atualmente, por conta exatamente do financiamento estatal. E aconteceu até da sua decisão sido boa para sua imagem política. Depois de anos da cretinice e arrogância de Dilma Rousseff pode ser muito bom ter um presidente ponderado, que aceita críticas e revê decisões. Temer acabou sendo favorecido de tal jeito que não sei como é que não apareceu petista dizendo que ele planejou tudo, fechando o Ministério da Cultura só para poder depois voltar atrás.
Mas não foi sobre esta modéstia dele que falei. Foi em outro assunto que notei nele uma modéstia admirável. Para deixar claro que não foi por temor que voltou atrás, Temer lembrou que já enfrentou barras pesadas na Secretária da Segurança nos governos peemedebistas de Franco Montoro e Fleury Filho. No governo de Fleury Filho ele assumiu o cargo logo depois da violenta chacina, em outubro de 1992, na Casa de Detenção de São Paulo, o Carandiru. Morreram 111 presos. A tarefa realmente exigia coragem. Falando sobre esses tempos, Temer disse que está com a avaliação errada quem acha que ele "está muito frágil, coitadinho". Batendo na mesa, ele disse: " Conversa! Eu fui secretário da Segurança Pública duas vezes em São Paulo e tratava com bandidos". Realmente modesto, o presidente Temer. Nem falou da sua experiência muito mais arriscada na política, com a sua longa carreira no PMDB, onde teve que lidar com tipos muito piores que os do Carandiru. Vida arriscada, a desse cara muito modesto, como eu disse. Deixou de falar até do perigosíssimo período da aliança de 13 anos com o PT, partido que aliás até já teve criminosos de sua cúpula que acabaram na prisão.
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POR José Pires
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