Logo na entrada da sua entrevista ao Roda Viva, que foi ao ar nesta segunda-feira, a deputada estadual Manuela D'Ávila fez questão de incluir uma informação importante em seu currículo. O programa da TV Cultura, onde ela estava na condição de pré-candidata à Presidência da República pelo PCdoB, costuma apresentar um bom resumo da vida dos entrevistados, mas ainda assim ela resolveu acrescentar o seguinte: "Sou mãe da Laura e madrasta do Guilherme”.
É sério. A pré-candidata também informou que é filiada ao PCdoB desde os 17 anos, o que ajuda a compreender seu perfil psicológico. Este partido comunista oportunista e retrógrado mantém desde muito cedo seus militantes numa bolha ideológica impenetrável às informações e ao conhecimento da vida real. O resultado da doutrinação por toda uma vida é que todos ficam com um jeito aparvalhado e uma dificuldade de encarar com espontaneidade um questionamento para o qual ainda não exista uma resposta decorada, certamente firmada e aprovada pelo comitê central.
Isso pode ser um problema em qualquer entrevista, mas tem o dom de torná-la engraçada, embora o Roda Viva não seja um programa de humor. Manuela D'Ávila fala com uma rapidez impressionante, como se fosse humorista de stand-up, tão veloz que a gente teme que o cérebro não possa acompanhar o ritmo da língua. E isso infelizmente acontece mesmo. Ela foge apavorada de questionamentos, como se fosse obrigada depois a prestar contas de seus erros ao partido. É bobagem se ela de fato tiver este medo. Mesmo imperfeita, a nossa democracia burguesa está aí para protegê-la do que faziam Stálin, Mao e outros ídolos de seu partido.
A pré-candidata do PCdoB precisa fazer a lição de casa, conforme gosta de falar a esquerda sobre seus adversários. Ela precisa sentar com alguém – seja o comitê central ou um marqueteiro – e estudar os assuntos que certamente vão cair em debates e entrevistas. Não são tantos, sendo possível encontrar uma resposta razoável para cada um deles, respeitando os compromissos históricos do partido com cargos nomeados e outras cumplicidades, sem trair a obrigatória solidariedade a corruptos que até pouco tempo estavam na chefia, garantindo as tapiocas do partido.
Mas se ela não fizer nada disso, para nós que estamos de fora da bolha não há problema algum. Do jeito que está, sua performance é engraçadíssima. Como eu já disse, não é a proposta do Roda Viva, mas sua entrevista é impagável. Vale milhões de tapiocas em matéria de gargalhadas, ainda que de vez em quando dê também alguma vergonha alheia. Mas quanto a isso, a esquerda já nos deixou acostumados. Haja vergonha alheia. Se a comunista não puser uma ordem na cabeça de palha vermelha sua candidatura não vai decolar. O Brasil não irá ganhar sua primeira presidente comunista eleita, mas paciência. Podemos estar assistindo ao nascimento de uma humorista de stand-up. Laura e Guilherme vão ficar orgulhosos da mamãe.
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POR José Pires
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