E eis que aparece uma novidade na eleição presidencial: Cabo Daciolo. Já estão fazendo bastante piada com sua performance no debate da TV Bandeirantes, mas com certeza quem não está achando graça nenhuma é Jair Bolsonaro. Com esta surpresa, ele perde a primazia de representar o voto de direita nesta eleição. O surgimento do Cabo Daciolo vai trazer complicações para Bolsonaro manter um perfil de eleitor que até agora lhe dava sustentação.
Neste debate da Band já deu para sentir o efeito na campanha com este novo candidato de direita falando de coisas que encantam os fanáticos que idolatram Bolsonaro, como por exemplo o Foro de São Paulo e outras teorias conspiratórias. O cabo revelou até uma outra ameaça vermelha, o tal do Plano Ursal. Pois a partir de agora Kit gay, anti-feminismo, estímulo a uma polícia violenta, ataques alucinados contra a esquerda, mistura de política com religião, liberação de armas, todas essas bandeiras que fizeram a fama de Bolsonaro ele terá que dividir com um competidor.
Cabo Daciolo está embalado no discurso radical de direita que a partir do final do governo do PT criou no país um tipo de militância que não existia antes, de comportamento moralista, com sentido militarista e apoio à propostas violentas. É tudo que Cabo Daciolo representa e de uma forma que pode ser mais uma atrapalhação para Bolsonaro. O cabo consegue ser mais histriônico que o capitão, podendo com isso atrair maior atenção e ganhar um pedaço do espaço antes exclusivo do candidato do PSL. Já dá para notar seu sucesso nas redes sociais, com aquelas zoações que como Bolsonaro sabe muito bem, são críticas que acabam tendo o efeito de popularizar uma imagem.
Essa novidade chega também em um momento difícil para Bolsonaro, que independente de um Cabo Daciolo atravessar seu caminho, entra num momento de sua campanha em que precisa equilibrar o discurso violento que até agora o sustentou, incorporando fatores novos e assumindo atitudes menos radicais para a ampliação de seu eleitorado. Com Cabo Daciolo entrando na parada, ficará mais delicado fazer esta transformação. Está até engraçado. Além de ter que atuar de forma mais amena para convencer faixas diferentes do eleitorado, Bolsonaro encara o risco da penetração de um adversário em seu próprio eleitorado. Vamos ver como o encapetado capitão resolverá esse estorvo em sua estratégia, mas até aqui estou torcendo para que o cabo avance com tudo sobre o território bolsonarista.
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POR José Pires
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