A Vale negou de imediato que tivesse havido qualquer detonação no local. Mas nesta quinta-feira a empresa confirmou ter feito detonações no dia do rompimento da barragem. No entanto, alegam que as duas detonações ocorreram depois da tragédia. Agora a empresa afirma que as bombas foram detonadas às 13h33 e às 14h30 nas minas Córrego do Feijão e Jangada. A barragem B1 rompeu às 12h28.
É muito estranho que tenham explodido bombas exatamente uma hora depois de um desastre da dimensão do rompimento de Brumadinho, mas de qualquer forma, ao negar as explosões ficou evidente a tentativa de desinformação da parte da Vale. Essas grandes empresas com atividade que trazem risco ao meio ambiente agem sempre assim, atuando com a contra-informação ao invés de facilitar a transparência.
Claro que a transparência deveria ser prioridade depois de um desastre. É uma questão de ética social, respeito à população e o atendimento do que é necessário para sanar os danos de sua responsabilidade. Mas o controle da informação começa antes do desastre. É uma prática permanente dessas empresas, com o uso do peso publicitário de sua marca nos caixas das empresas de comunicação, na chantagem financeira e o domínio de liderancas políticas, pelo que proporcionam de ganho para orçamentos de municípios e estados.
Com alto poder financeiro e político, abafam as vozes críticas, evitam o debate entre a população, não permitem a existência do jornalismo independente e de organizacões sociais que poderiam abrir espaço para a discussão séria sobre os aspectos técnicos e políticos da sua atividade. É claro que este fechamento à opinião pública é anticientífico. Quando não se pode apontar hipóteses contrárias ao sentimento imposto de que tudo está indo muito bem, fica muito mais difícil lidar com riscos e suas consequências.
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POR José Pires
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Imagem- Destruição na região de Brumadinho. Foto de Vinicius Mendonça, Ibama
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