quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Me engana que eu gosto

Parece caso de hospício acreditar que um partido que faz um governo que, só para dar um exemplo da incompetência, no ano passado, só teve capacidade de gastar 15,3% dos R$ 3,3 bilhões destinados às estradas federais. Ou não é o PT que está no poder?

Chega a ser surpreendente ver um intelectual e, ainda mais, da sociologia, que foi um militante orgânico do partido e um de seus primeiros teóricos, sem entender que não existe base política e intelectual alguma que poderia dar sustentação a esta, vá lá, ô palavrinha, “reinvenção” do PT. A eliminação que Stálin fez na prática de quadros competentes na antiga URSS, no PT foi feito na base do compadrismo, da propina corruptora de cargos e favores e na exclusão dentro das regras programáticas do partido.

Mas Oliveira e tantos outros intelectuais, ingênuos ou coniventes quanto ao verdadeiro caráter de Lula e os interesses na sua ascensão ao poder, são recorrentes nesta falta de objetividade analítica quando se trata do PT. Em 2002, com Lula eleito, Oliveira viu em sua vitória uma "refundação do Brasil", só comparável, sempre conforme as palavras do sociólogo, a outros três momentos da história brasileira − a Abolição, a proclamação da República e a Revolução. A eleição de Lula, ele afirmou, seria o quarto marco histórico. Para sustentar a bobagem, explicou então que dizia isso porque "pela primeira vez, os dominados estão fazendo a história".

Ufa, mas onde estava este cara? Eu estava aqui, acompanhando, além disso já conhecia bem a história de Lula. Vejam bem: Oliveira disse esta bobagem com Lula já eleito. Já havia acontecido tudo aquilo que vimos naquela eleição.
A queda moral do PT chama bastante a atenção, mas o que mais infuiu na sua destruição de sua capacidade de transformações de qualidade dentro das regras democráticas é, na verdade, a corrosão da base política e intelectual do partido, processo, aliás, anterior aos mensalões e outras corrupções.

Outro equívoco grave e que denota também uma incrível falta de lucidez deste setor da esquerda que não faz parte da banda podre que detém o poder de fato é o de acreditar, primeiro que na esquerda a banda podre não seja hegemônica, e depois que haja toda uma imensidão de esquerdistas íntegros e capazes prontos para pegar o leme e levar o Brasil no caminho da prosperidade econômica. Sempre, claro, com bastante ética.

Mas deixando de lado os delírios futurísticos de Francisco de Oliveira (como eu disse, ele apanhou e não aprendeu), vale a pena ler sua entrevista. Tirando essa surpreendente tolice onde entra o PT liderando uma alavancada em nosa economia em meio aos detroços da crise, é uma das melhores análises que vi sobre esta crise que nos assola e onde Lula viu apenas uma “marolinha” e uma boa parte da esquerda vê a derrocada do capitalismo. Para isso, clique aqui.
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POR José Pires

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