terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Mudando para deixar como está

E o país em que as crianças entram na escola e saem semi-analfabetas na adolescência fez uma mudança ortográfica. Grande novidade: com a reformazinha os estudantes que saem da escola sem nada aprender irão agüentar, com trema, ou aguentar, sem trema, as dificuldades para entrar no mercado de trabalho e ganhar a vida?

Com esse ensino, será tão difícil quanto antes colocar a bóia na mesa. A única diferença é que a bóia − ou a falta dela − vira boia, agora sem acento. E se os estudantes terminam os estudos sem saber sequer ler, agora a explicação será diferente: não é que eles não lêem; na verdade, agora eles não leem.

Bem, se havia a necessidade de alguma reforma, é óbvio que ela devia ter sido feita na educação. Mas isso dá um trabalho danado, muito esforço para só oito anos de governo. Em dois mandatos o que dá é para mexer em alguns acentos e olhe lá.
Mas temos que nos conformar e seguir as regras aprovadas. O período de transição termina em 2012 e até lá, como informa hoje o jornal O Estado de S. Paulo, iremos conviver com duas ortografias. Sorte nossa que as mudanças são tão pífias que não interferem em muita coisa.

Para aqueles que, ao contrário de Lula, usam o computador para outras coisas além de ver fotografias, tem sempre a chateação de ficar trabalhando contra o revisor ortográfico automático, que insiste em colocar os tremas e acentos onde a regra não permite mais, mas logo mais a gente soluciona este pequeno problema.

Muitas instituições manterão textos e documentos com as normas antigas, inclusive, e sem nenhuma surpresa para nós, o governo federal. Os livros estão todos aí, já impressos, sendo que boa parte deles, de muita importância são anteriores até de outras reformas. E em um país de pouca leitura como o nosso muitas dessas preciosidades não passam da primeira edição.

E quanto ao Lula e seu governo, bem, o Supremo Apedeuta pouco está se importando se assembléia é com acento ou sem acento. Seu interesse é o de sempre: que a assembléia, ou assembleia, seja ganha por ele e seus companheiros.

Clique aqui para ler a reportagem de O Estado de S. Paulo e aqui para saber quais são as mudanças na língua portuguesa.
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POR José Pires

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