quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Lula sem medo de ser chato

O presidente Lula deu uma entrevista a Kennedy Alencar, jornalista da Folha de S. Paulo. A falta de escrúpulos de sempre é a tônica. Lula não tem apego sequer à verdade histórica. Acha que ele e seus companheiros podem reescrever à vontade o que se passou nos últimos anos no Brasil e até mesmo retocar qualquer acontecimento de Cabral para cá. (Ele sempre coloca Cabral no início do período, o que não dá para entender; se é para reescrever, por que não aproveita e começa do período jurássico?)

Mas, a entrevista, falemos dela. Rola até entre cabeças ditas pensantes que Lula tem o discurso certo para cada público. Que saberia falar ao empresário, ao acadêmico, enfim, para cada setor o presidente inzoneiro teria charme e inteligência de sobra.

Não é verdade. O que Lula tem é a chave do cofre e a caneta que encaminha para cargos, abre canais de financiamento ou até mesmo libera diretamente as verbas que garante simpatias.

No mais, o cara é um chato. E não digo isso pela minha conhecida aversão ao que ele representa. Nem todo canalha é chato, assim como nem todo chato é canalha. A história mostra que Lula junta os dois elementos em sua personalidade desde seus tempos de metalúrgico.

Já na década de 70 achava uma tremenda chatice suas entrevistas posando de trabalhador consciente, ele que comprovadamente pisou pouco o chão de fábrica para trabalhar. Acontece que o chato teve uma habilidosa blindagem de seus pares, de acadêmicos e de setores da esquerda que viram nele a possibilidade de acesso ao poder que, já na época, parecia bem mais indicado aos políticos próximos do que viria a ser o PSDB.

Mas o fato é que se trata de um tremendo chato. E que continua tendo sua ignorância e chatice blindada, inclusive pela imprensa. Gostaria de ler na íntegra, sem a revisões de praxe, o que Lula falou. Quanto será que Kennedy Alencar, que inclusive já foi seu assessor, consertou da fala de Lula? Não é que seja um defeito de Alencar e isso ocorra somente com Lula. Nossa mídia edita todas as falas dos políticos, uniformizando as declarações. Tanto que todos falam da mesma forma, perdendo-se não só os erros e a ignorância, mas também as peculiariedades da fala de cada um.

Um exemplo de como o cara é chato. Em julho deste ano ele esteve no lançamento do Vale-Cultura em São Paulo. Pois ele conseguiu encher o saco até do intelectual Antonio Candido, seu histórico defensor.

Enquanto Lula, como sempre, falava besteiras, Antonio Candido manteve-se em silêncio durante todo o evento. No final, abordado pela reportagem da Folha de S. Paulo, ele disse apenas: “Já passei vergonha o bastante por hoje”. O professor, que tem 90 anos, referia-se as brincadeiras e elogios feitos a ele por Lula.

E essa chateação de Antonio Candido saiu onde? Apenas na Folha e sem destaque. O cara é blindado até na chatice? Não. É que Lula já está naquela categoria do chato que não tem mais conserto, mas que não pode ser expelido do grupo. E ainda é o chato com a caneta! É claro que não deixará de ser convidado para nenhuma festa ou mesa de bar.

Esta é uma das consequências daquela tática idiota dos tucanos de esperar que o adversário "sangre" políticamente por contra própria. Lula está até hoje torrando a nossa paciência.
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POR José Pires

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