terça-feira, 6 de outubro de 2009

Carta para a modernidade

A Constituição Brasileira completou 21 anos ontem. Já foi bastante mexida. Só não foi mais porque os políticos brasileiros são incompetentes para votar até o que eles próprios propõem.

E ainda bem que não conseguem. No Congresso Nacional tem mais de 1.300 emendas à espera de votação. Parece piada, mas o número é este mesmo: 1.300.

A pobre da Constituição Brasileira já nasceu fraudada e o autor da fraude logo a seguir ainda foi ministro da Justiça. É o atual ministro da Defesa, Nelson Jobim, que recentemente confessou em tom jocoso que enfiou um artigo nela sem que fosse votado.

Jobim contou o caso em tom de piada numa entrevista porque conhece bem o Brasil. O que em um país decente seria um escândalo e resultaria em processo e talvez até em cadeia, aqui ficou mesmo na piada, que até teve lances novos. Hoje ele cuida da compra de caças no ministério da Defesa.

Ontem o presidente do Senado, José Sarney, soltou uma nota afirmando que a Constituição é um retrocesso. Temos que parar para ouvir. Sendo o que ele é, na voz de Sarney retrocesso é um superlativo.

O senador maranhense eleito pelo Amapá falou que é preciso atualizá-la. “Acredito que temos à frente um encontro marcado para adaptá-la aos tempos modernos e torná-la uma Constituição sem os defeitos da atual”, ele disse.

Quem é que pode ser contra a modernidade, ou "mudernidade", como pronuncia o presidente do Senado? Nâo sei do que ele está falando, mas pode ser para anexar ao texto questões que surgiram recentemente como a anorexia, o Orkut e o Twitter.

Mas já que vai fazer o serviço, o presidente do nosso glorioso Senado poderia aproveitar e propor para Barack Obama uma revisada também na Constituição dos Estados Unidos. Afinal, aquilo é de 1787 e de lá pra cá pouco se mexeu nela. Teve apenas 27 emendas. Uma modernizada cairia bem numa peça tão velha.
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POR José Pires

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