Samuel Johnson dizia que o patriotismo é o refúgio dos canalhas. A falta de dinheiro e a ganância para ter mais e mais também abre a porta para a safadeza. É isso que fez a imprensa cair neste ufanismo tolo com a notícia da escolha do Rio de Janeiro como sede das Olimpíadas de 2016.
Com o caixa em baixa, a imprensa brasileira tem feito o máximo para não revelar o tamanho da crise econômica. Somos um país blindado, conforme se lê por aí nas reportagens que afirmam que foi mesmo uma marolinha. Então por que não estimular a festa pelas Olímpiadas no Brasil, sil, sil?
Até a revista Veja imprimiu caderno especial. A Folha de S. Paulo também fez o seu no domingo. Não faltaram anunciantes. Das 20 páginas do caderno da Folha, 12 são de propaganda, o que não deixa de ser uma forma simbólica para ajudar a entender a razão da falta de senso crítico na grande festa que envolveu a mídia numa das maiores farsas já vistas nos últimos anos.
Até Lula está sendo alçado à condição de estadista o que, mesmo com a viseira desportiva dos cifrões, talvez não fosse necessário. O Lula em lágrimas de agora é o mesmo de sempre. Nem menor nem maior, ainda é o mesmo presidente da definição precisa do historiador Marco Antonio Villa: “Se Lula tivesse sido presidente na República Velha, o Acre seria dos bolivianos e Santa Catarina, dos argentinos".
E esta Olímpiada viria com qualquer presidente. Como a empreitada vai ser boa, com certeza, tucano, petista ou peemedebista, todos partilham do mesmo espírito esportivo. E a imprensa vai junto. Se já brotam tantos anúncios apenas no anúncio de algo para daqui quase sete anos, imagino o departamento comercial fazendo as contas de quanto ainda cairá nas registradoras. Neste caso, vamos torcer pelo Brasil, para que o tilintar das moedas não apague o som do Brasil de verdade.
Por enquanto tem jornalista que até está vendo coisas, pois querem até fazer o leitor crer que o carisma de Lula foi a força definidora da vitória, o que é desmentido no mesmo jornal pela cara de empreiteiros dos dirigentes esportivos.
A imprensa desceu bem baixo para festejar. O cara venceu até Obama. Chicago se dobra ao nosso Rio de Janeiro. Como se na cidade de Chicago não houvesse até torcida contrária. O jornal Chicago Tribune fez uma pesquisa em que 87% dos entrevistados votaram contra as Olimpíadas na cidade. A cidade que foi de Al Capone, na verdade, está ressabiada com empreiteiros.
Como acontece com o Haiti, Chicago, na verdade, é aqui. Os moradores da cidade norte-americana já estão cansados de obras superfaturadas, por isso até montaram um grupo para atuar contra a ida dos Jogos para lá. Foram para as ruas e até quebraram o pau com a polícia. E isso sem o prefeito da cidade e o governador do estado terem voado até Copenhagen com jatinho particular de empresário. E ganharam, é claro, pois a nossa Chicago Maravilhosa acabou levando.
No domingo, junto com os cadernos especiais sobre esta conquista que “revela o novo papel do Brasil no mundo”, como disse a revista Época numa chamada de capa canalha-patriótica, traficantes saíram atirando pelas ruas de Curitiba, capital de estado e uma das cidades mais ricas do país.
Não foi um foguetório de comemoração. Depois de um carro de som passar pelas ruas de um bairro da capital paranaense ordenando um toque de recolher, os traficantes chegaram atirando em qualquer pessoa que encontrassem pela frente.
Com o caixa em baixa, a imprensa brasileira tem feito o máximo para não revelar o tamanho da crise econômica. Somos um país blindado, conforme se lê por aí nas reportagens que afirmam que foi mesmo uma marolinha. Então por que não estimular a festa pelas Olímpiadas no Brasil, sil, sil?
Até a revista Veja imprimiu caderno especial. A Folha de S. Paulo também fez o seu no domingo. Não faltaram anunciantes. Das 20 páginas do caderno da Folha, 12 são de propaganda, o que não deixa de ser uma forma simbólica para ajudar a entender a razão da falta de senso crítico na grande festa que envolveu a mídia numa das maiores farsas já vistas nos últimos anos.
Até Lula está sendo alçado à condição de estadista o que, mesmo com a viseira desportiva dos cifrões, talvez não fosse necessário. O Lula em lágrimas de agora é o mesmo de sempre. Nem menor nem maior, ainda é o mesmo presidente da definição precisa do historiador Marco Antonio Villa: “Se Lula tivesse sido presidente na República Velha, o Acre seria dos bolivianos e Santa Catarina, dos argentinos".
E esta Olímpiada viria com qualquer presidente. Como a empreitada vai ser boa, com certeza, tucano, petista ou peemedebista, todos partilham do mesmo espírito esportivo. E a imprensa vai junto. Se já brotam tantos anúncios apenas no anúncio de algo para daqui quase sete anos, imagino o departamento comercial fazendo as contas de quanto ainda cairá nas registradoras. Neste caso, vamos torcer pelo Brasil, para que o tilintar das moedas não apague o som do Brasil de verdade.
Por enquanto tem jornalista que até está vendo coisas, pois querem até fazer o leitor crer que o carisma de Lula foi a força definidora da vitória, o que é desmentido no mesmo jornal pela cara de empreiteiros dos dirigentes esportivos.
A imprensa desceu bem baixo para festejar. O cara venceu até Obama. Chicago se dobra ao nosso Rio de Janeiro. Como se na cidade de Chicago não houvesse até torcida contrária. O jornal Chicago Tribune fez uma pesquisa em que 87% dos entrevistados votaram contra as Olimpíadas na cidade. A cidade que foi de Al Capone, na verdade, está ressabiada com empreiteiros.
Como acontece com o Haiti, Chicago, na verdade, é aqui. Os moradores da cidade norte-americana já estão cansados de obras superfaturadas, por isso até montaram um grupo para atuar contra a ida dos Jogos para lá. Foram para as ruas e até quebraram o pau com a polícia. E isso sem o prefeito da cidade e o governador do estado terem voado até Copenhagen com jatinho particular de empresário. E ganharam, é claro, pois a nossa Chicago Maravilhosa acabou levando.
No domingo, junto com os cadernos especiais sobre esta conquista que “revela o novo papel do Brasil no mundo”, como disse a revista Época numa chamada de capa canalha-patriótica, traficantes saíram atirando pelas ruas de Curitiba, capital de estado e uma das cidades mais ricas do país.
Não foi um foguetório de comemoração. Depois de um carro de som passar pelas ruas de um bairro da capital paranaense ordenando um toque de recolher, os traficantes chegaram atirando em qualquer pessoa que encontrassem pela frente.
Mataram oito pessoas nas ruas e feriram várias outras como vingança pela morte de um comparsa assassinado por um bando rival. Era o velho Brasil que o mundo conhece muito bem.
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POR José Pires
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