quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Fala o mestre

"Hoje está provado que a nossa técnica de destruição supera a capacidade de destruição da natureza. Mas se Deus deixa que destruam 3 milhões de árvores na Amazônia, assim sem mais nem menos, é porque as faz nascer em outro lugar, onde também deve haver macacos, flores e águas altas. É para lá que eu vou quando eu morrer."

É o Tom Jobim falando sobre a destruição da natureza no Brasil. Tirei do belo livro feito por sua irmã, Helena Jobim, onde ela conta muita coisa interessante sobre a convivência entre os dois. Este livro é muito importante, até porque, além das falas cotidianas do compositor captadas por um ouvido amoroso, traz também textos praticamente inéditos escritos por ele, alguns que de fato não sairam em lugar algum.

Esta frase sobre a capacidade destrutiva dos brasileiros em cima de suas riquezas naturais é do início da década de 80, mas é claro que ele já vinha alertando bem antes sobre o perigo desta destruição.

E vinha também extraindo da nossa natureza a matéria prima para suas músicas. Tom Jobim traz uma lição em sua obra e que seria bom os brasileiros terem na cabeça, que é o uso da nossa natureza — a brasileira mesmo, pois na sua música quando ele canta “pedra”, é uma pedra das nossas — como força-motriz para as nossas realizações. Esta é uma questão cultural e também econômica. É desse potencial que podemos extrair dinheiro e prestígio, como a bossa nova mostrou muito bem. Derrubar, queimar, assorear, poluir, demolir, enfim, destruir essa força natural vai fazer o Brasil ir para o buraco.

A frase dele é ótima. Tirando a esperança de reencontrar tudo refeito por Deus depois de morrer, assino embaixo.
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POR José Pires

Um comentário:

Elisa disse...

Grande Tom Jobim. É sempre uma boa lembrança, especialmente nessa hora.