terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Ministro distraído

O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, foi o último a saber do resultado da operação Porto Seguro, feita pela Polícia Federal e que pegou Rosemary Noronha à frente de um esquema de fraudes centralizado no escritório da Presidência da República que ela chefiava em São Paulo. Rosemary foi colocada neste cargo pelo ex-presidente Lula e soube-se depois que ela também era sua amante.

Ainda não se tem a confirmação de Cardozo se ele sabia ao menos do caso extra-conjugal do chefão petista. O ministro da Justiça é um dos íntimos do círculo mais restrito do poder petista. Ele foi coordenador da campanha de Dilma Rousseff e era um dos chamados “Três porquinhos”, o trio que ficava mais perto de Dilma para que ela não fizesse nenhuma bobagem. Da trinca poderosa hoje só resta oficialmente na ativa o ministro. Antonio Palocci caiu por corrupção e José Eduardo Dutra ficou abilolado logo depois da vitória de Dilma e teve que se afastar da presidência nacional do PT que então ocupava. Pegou um cargo bem pago no governo mas sem importância, mas hoje só se ouve falar de seu nome quando ele escreve alguma besteira no Twitter.

Na semana deste escândalo por pouco não foi extinto o grupo dos “Três porquinhos”. Cardozo quase caiu do cargo. Às oito horas da manhã a presidente ficou sabendo que em São Paulo a casa havia caído no escritório da sua Presidência. Mas só conseguiu falar com o ministro da Justiça duas horas depois após insistir muito em seu celular. E ele não sabia de nada.

Para mim, o ministro só não foi demitido para não dar mais tempero em uma crise que esteve aconchegada entre os lençóis do ex-presidente Lula, passando, é claro, pela cozinha da sua primeira-dama, Marisa. Mas já ficou bambo no cargo.

O ministro é incompetente e para saber disso nem precisava aparecer um escândalo com este. A falência do ministério da Justiça está muito bem expressa pela violência assustadora em todo o país. Até em cidades médias ficou perigoso andar pelas ruas depois do pôr-do-sol, num clima de Idade Média em que os caminhos do brasileiro são atravessados por criminosos e salteadores. E como já sabemos muito bem, também os cofres públicos sofrem a ameaça até de quem guarda as chaves.

Nâo que o ministro não se esforce. O problema é que ele cuida de afazeres que estão mais para advogado de defesa de criminoso. Foi bastante ativo durante o julgamento do mensalão pelo STF, mas não na defesa do Estado que foi assaltado pelos mensaleiros. Ele tentou até apelar para o coração dos ministros do STF para evitar a prisão de mensaleiros, quando disse que que preferia a morte a cumprir pena em presídio brasileiro.

Na crise que atingiu o escritório da Presidência em São Paulo ele também passou a agir de forma esquizofrênica se formos analisar o caso por padrões de moralidade pública. Logo que foi avisado por Dilma de que a casa havia caído em São Paulo começou a fazer um lobby em defesa dos acusados das fraudes, procurando blindar especialmente Rosemary Noronha. Passou a semana passada inteira em contato com parlamentares do governo, cuidando da blindagem de Rosemary no Senado. Coisas do PT: a PF, que estourou o esquema de fraudes, é subordinada ao ministro, mas ele age para defender a acusada dos crimes.

Nesta nova treta do governo do PT, que agora tem até traição conjugal do ex-presidente no seu infindável enredo de corrupção, o ministro da Justiça é um dos últimos saber e é até melhor que ele fique na ignorância. Na forma de governo instalada pelo PT é melhor que uma investigação em defesa do Estado não tenha o conhecimento do ministro da Justiça até de ser concluída. Senão ela pode nem começar.
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POR José Pires

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