domingo, 2 de dezembro de 2012

Por debaixo dos panos



O jornal Folha de S. Paulo resolveu publicar o que todos já suspeitavam e que jornalistas da área política já sabiam: Rosemary Nóvoa Noronha era amante do ex-presidente Lula. Os dois se conheceram em 1993. Em seu blog na internet, o jornalista Reinaldo Azevedo diz que "todos os jornalistas que cobrem política e toda Brasília sabiam que Rosemary Nóvoa Noronha tinha sido amante de Lula". Ele completa que "se ainda é, não sei". A Folha publica hoje uma reportagem e também disponibiliza em seu site o assunto, que deve ser tratado também no decorrer da semana.

Era só o que faltava em matéria de corrupção neste governo: que o assunto viesse entre os lençóis do ex-presidente. O jornal está certo em finalmente trazer aos leitores a razão da estranha influência de Rosemary no governo e o poder pessoal que ela ostentava inclusive em situações que nada tinham a ver com seu cargo como chefe do escritório da Presidência da República em São Paulo. Ela fez várias viagens internacionais oficiais com Lula sem que sua presença tenha sido registrada oficialmente no Diário Oficial, o que é ilegal.

A revelação sobre o relacionamento íntimo entre ela e Lula serve também como um elemento forte de desmascaramento da hipocrisia que gira em torno da figura do ex-presidente. Ele é trabalhado de forma mítica pela propaganda como um homem fraternal, um sentimento que nos últimos tempos sua máquina de comunicação direcionou com ênfase para o respeito pelas mulheres e que foi essencial na eleição da primeira presidente brasileira, a petista Dilma Rousseff.

A intimidade entre Lula e Rosemary, que até usava a proximidade entre os dois para se favorecer, expõe a esposa do ex-presidente à uma humilhação pública. Isso deve influir negativamente entre o eleitorado feminino. Para ser candidato futuramente, o ex-presidente tem este nó difícílimo de desatar junto às mulheres brasileiras. E isso depois de resolver as coisas em casa com sua primeira-dama.

A mão de Rosemary não está só nas fraudes descobertas pela Polícia Federal com a Operação Porto Seguro, mas também em outros negócios que beneficiaram pessoas de seu grupo e de sua família. Ela colocou a filha em um bom cargo nomeado no governo e também o ex-marido.

A última notícia sobre sua forte influência foi a interferência para que o Banco do Brasil contratasse a empreiteira que tem o atual marido dela, João Vasconcelos, como diretor e um genro como sócio. O contrato é de mais de um milhão de reais.

Pelo nível de ambição e a ousadia de Rosemary é provável que muitas outras coisas graves tenham acontecido e aí está o grande temor de Lula e das lideranças do PT. O caso, que já vinha sendo chamado jocosamente de “O bebê de Rosemary”, pode ter mais diabruras.
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POR José Pires

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