quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Mensaleiro enquadrado

Até que enfim começam a dar um basta à farra de José Dirceu na prisão. A chegada de Dirceu, Delúbio Soares e José Genoino à Papuda foi bastante esclarecedora sobre o nível de poder que a máquina governista estabeleceu no país. Até um regime de prisão muda totalmente em conformidade com seus interesses. No primeiro dia teve até pizza na cela da trinca. E depois foi aquele escandaloso tour de visitas a qualquer hora do dia, com bandos de deputados e senadores paparicando o poderoso petista em sua cela. Até o governador de Brasília, o petista Agnello Queiroz, apareceu para o beija mão. Foi a primeira vez na vida que ele foi ao presídio. Depois tiveram que maneirar no abuso, até porque os privilégios dos mensaleiros estava criando o risco de revolta nos parentes de presos comuns, que sofrem com o rigor que a penitenciária estabelece para as visitas.


Agora apareceu uma outra notícia que finalmente coloca Dirceu em seu devido lugar, que é o de condenado cumprindo pena por seus crimes. Foi rejeitada pela Vara de Execuções Penais (VEP) o pedido da defesa do chefe dos mensaleiros para que fosse dada prioridade a análise de sua contratação pelo hotel Saint Peter. O oferecimento da vaga a Dirceu já trouxe outras complicações, que foram reveladas em investigações jornalísticas sobre o que se passa naquela hotel. Até laranja já apareceu na história.


Segundo o juiz Vinicius Santos Silva, que rejeitou o pedido, o único direito à tramitação prioritária se deve aos 67 anos de Dirceu. Porém, a proposta de emprego do antigo capitão da equipe do Lula não pode passar na frente de pedidos de outros presos. E um processo como esse leva de 30 a 60 dias. Segundo o juiz, a prioridade é dada em razão das dificuldades de um preso para conseguir emprego, o que naturalmente ocorre com condenados mais pobres.


Um trecho da decisão do juiz mostra uma consequência que pode resultar do privilégio desses poderosos, que estão sempre atropelando o direito dos mais humildes:"É fato inegável que os sentenciados, boa parte deles composta de analfabetos, estão na fila prioritária de análise da proposta e teriam um risco iminente de ter as propostas simplesmente retiradas pelo pretenso empregador, caso ficassem atrasadas porque sobrepujadas pela proposta recém chegada do ora sentenciado".
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Por José Pires

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