quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

O horror nosso de cada dia

Foi no mês passado que o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, soltou aquela frase sobre as cadeias brasileiras, quando disse que "se fosse para cumprir muitos anos em alguma prisão nossa" ele "preferia morrer”. O ministro não falou isso em razão de nenhum estudo aprofundado da sua pasta sobre o sistema penitenciário brasileiro e nem foi a propósito de modificações de qualidade neste sistema. Nada disso. O desabafo veio como um lamento pela prisão de seus companheiros do PT, os mensaleiros condenados por corrupção pelo STF.

De lá pra cá não teve nenhum trabalho do ministério da Justiça para mudar o padrão medieval das cadeias brasileiras, até porque o ministro Cardozo continuou na defesa dos mensaleiros e também esteve ocupado em ataques políticos aos tucanos. As cadeias estão na mesma. O péssimo tratamento dado aos presos em nosso país é um daqueles horrores que já é visto como normalidade. É uma perversão praticamente oficializada e até é vista por muitos brasileiros como um castigo merecido para quem vai preso. Esta reação é uma óbvia confusão causada pelo terror da insegurança brasileira e quem pensa dessa forma nem se apercebe que além de ser uma desumanidade, tratar preso com crueldade e descaso não resolve o problema da segurança. Ao contrário, piora bastante.

Na oposição, os petistas aporrinhavam bastante com a situação violenta do país. E isso numa época que era até suave perto do que passamos hoje. Mas agora no poder o partido seguiu sua linha programática de esquecer o assunto. A insegurança dos brasileiros e a violência cotidiana só cresceu nos três mandatos seguidos do PT. Muitos são os dramas humanos causados pela violência, com famílias destruídas e o medo instalado até em cidades pequenas. Não deve existir ninguém hoje em dia que não tenha por perto uma história de horror. O medo obriga até a um toque de recolher oficioso em todo o Brasil. Tem que ter muita coragem para andar nas ruas brasileiras depois que o sol se põe.

O domínio do tráfico vai avançando e o das milícias paramilitares também. Nesta década de governo petista as drogas se espalharam por nossas cidades. Até o crack já é de uso comum. Uma pesquisa da Fundação Osvaldo Cruz mostra que nas capitais brasileiras cerca de 370 mil pessoas consomem regularmente esta perigosa droga. É um espanto a quantidade de mortes violentas. No ano passado a taxa de homicídios foi para 50 mil. E junto com este número veio outro espantoso: mais de 50 mil estupros.

Esta quantia escandalosa de estupros vem inclusive desmentir a retórica fraudulenta que trouxe a questão de gênero para a política, como se o fato de ser mulher desse ao dirigente público mais sensibilidade a determinados assuntos. É outra lorota de patifes da política. A presidente Dilma Rousseff ficou caladinha em relação ao número absurdo de estupros. A militância feminina de esquerda também não toca no assunto e muito menos cobra solução de seus companheiros no poder. A indignação seletiva não têm ouvidos nem para os gritos de socorro das mulheres brasileiras.
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Por José Pires

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