terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Histórias mal contadas

José Genoino só renunciou ao mandato quando já não havia outro recurso para fugir da cassação. Foi um final de carreira sem dignidade. E não é de agora que ele vem passando vexame. Suas encenações vêm desde a época em que foi presidente do PT, quando o esquema de suborno de compra de votos de deputados estava em andamento. E são situações vergonhosas criada exclusivamente por ele. Os fiascos começaram lá atrás, quando ele disse que havia assinado o famoso empréstimo milionário do mensalão sem saber de que se tratava. Em depoimento há oito anos na CPI da Compra de Votos, Genoino disse que botou seu jamegão no documento em total confiança ao então tesoureiro do partido, que não era outro senão o Delúbio Soares. Total confiança no Delúbio não cola, não é mesmo?

Parecia coisa de otário, mas ele segue até hoje com atitudes parecidas, o que lhe dá um ar de tolo num esquema que sabidamente só teve malandro da pesada. É bem verdade que quando optou por este papelão era grande a chance do mensalão não dar em nada. Mas, por variadas razões, não foi isso que aconteceu. Genoino acabou sendo condenado com provas materiais. Apenas Ricardo Lewandowski o absolveu de corrupção ativa. Ele teve voto contra até do ministro Toffolli, o que, aliás, pode render uns bons papos de cela com José Dirceu, que teve a absolvição de Toffolli nas duas acusações.

Genoino apelou até para problemas de saúde, comportando-se de tal forma que parecia que podia morrer a qualquer momento. Em paralelo, a rede governista na internet passou a repassar imagens e textos vitimizando o mensaleiro. No entanto, a encenação foi desmentida por duas juntas médicas — uma do STF e outra da Câmara — que o examinaram separadamente e chegaram à mesma conclusão: seu problema de saúde não é grave. O laudo da comissão médica da Câmara desaconselha sua aposentadoria por invalidez e a comissão do STF concluiu que não é necessário que ele fique em casa para se tratar.

Genoíno podia parar por aí e passar a se comportar de forma digna, mas sua farsa continua, como dá pra ver na carta divulgada por ele após a renúncia. Ali tem uma mentira pesada. É na afirmação de que ele tem uma história de “mais de 45 anos” de luta pela democracia. Puxa vida, como eles insistem em tentar mudar a história. Ao pegar em armas, na década de 70 o mensaleiro condenado e seu partido de então, o PCdoB, não tinham como plano democracia alguma. O projeto político era o de fazer do Brasil uma ditadura comunista de linha chinesa. E mesmo depois que foi para o PT, também neste partido a história de Genoino não é nem um pouco democrática. De parceria com José Dirceu e Lula ele foi um dos implantadores de um férreo controle da cúpula dirigente sobre a vida partidária. Acabaram com a democracia interna do PT, calando militantes, expulsando adversários e impondo um controle que inclusive decretou intervenções em diretórios que não seguissem a orientação que vinda de cima, de Genoino e sua turma.
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Por José Pires

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