quarta-feira, 16 de março de 2016

O amigo do Lula e a reforma agrária


O depoimento do senador Delcídio do Amaral, na sua colaboração com a Justiça homologada nesta segunda-feira pelo STF, traz uma revelação sobre negócios do pecuarista José Carlos Bumlai em compra e venda de terras para a reforma agrária, que é chamado no documento do Ministério Público de "incursões ilícitas de Bumlai na reforma agrária". Bumlai, que está preso pela Lava Jato, é muito próximo do ex-presidente Lula, amizade confirmada por fotografias e testemunhas. Ouvido pelo juiz federal Sérgio Moro nesta segunda-feira, o consultor Antonio Marmo Trevisan, amigo do ex-presidente Lula, falou que esteve com Bumlai e Lula em encontros sociais na Granja do Torto. A intimidade era grande. Até jogavam um tal de "mexe-mexe", que Lula adora. Bumlai foi do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social na Presidência da República, o Conselhão, criado por Lula. Na semana passada, o ex-presidente escreveu uma declaração a pedido da defesa de Bumlai, onde diz que o amigo é "homem de bem, honesto e pai de família exemplar, tendo-o na mais alta conta".
O senador Delcídio disse aos promotores que Bumlai atuou na venda da fazenda Itamarati, no primeiro governo de Lula. O então presidente chegou a passear de trator na propriedade rural. Foi um dos maiores negócios fundiários do Brasil — de R$ 245 milhões — e era tratado em discursos por Lula como "maior projeto de assentamento do país". Outro projeto de Bumlai, segundo Delcídio, foi da Fazenda São Gabriel, em Corumbá, no Mato Grosso do Sul, estado do senador. Na época, o hectare foi vendido ao Incra por R$ 4.500,00, quando o preço de mercado era de R$ 2.500,00.
O sobrepreço que Delcídio afirma ter sido praticado pelo amigo de Lula evidentemente coloca sob suspeita outros assentamentos feitos em seus dois governos e até nos de Dilma. Quantos projetos de reforma agrária do governo do PT foram negociados dessa forma? O curioso é que com essa bandalheira promovida em cima das necessidades de agricultores pobres o MST não se revolta nem aciona seus militantes, que costumam destruir instalações de empresas que atuam de forma legal. Seria interessante saber qual é a razão de Stédile e seu "exército" ficarem caladinhos com fraudes como as relatadas pelo senador Delcídio do Amaral, que até agora era do PT.
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POR José Pires

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