terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Amigos, amigos; negócios incluídos


José Sarney já começou com a demagogia. Alguém pode dizer “mas algum dia ele parou?”, mas digo na função de presidente do Senado. Ontem mesmo espalhou pela mídia que fará um corte de 10% nos gastos do Senado.

Bem, se o governo Sarney não tivesse inflacionado inclusive a corrupção, eu diria que isso é a comissão. Mas comissão de dez por cento no Brasil não existe nem nas câmaras de vereadores.

Dez por cento? Esses números redondos são um mistério. Por que não doze por cento? Ou catorze? Bem, vinte por cento ainda seria pouco. Um senador brasileiro custa hoje para o contribuinte três vezes mais que um parlamentar dos Estados Unidos. Então, o corte teria de ser de um terço só para igualar com a maior economia mundial.

A desfaçatez de Sarney é ainda maior, quando sabemos que ele é um dos responsáveis históricos pela gastança. As mordomias internas no Senado são a garantia de poder para essa gente. Sua eleição, que teve por detrás tipos como o senador Renan Calheiros, só para citar um elemento da malta, tem como moeda de pagamento também os privilégios internos. Um gabinete melhor, agilidade no atendimento de pedidos e, claro, as verbas infindáveis para tudo quanto é coisa, inclusive para ir direto ao bolso dos senadores. Esta é a negociação "política" dos senadores para os cargos. Na verdade, fazem lá dentro o mesmo que aqui fora.

O corte de dez por cento, ou melhor, suposto corte, é factóide. Primeiro que é pouca economia. Numa casa dissipadora do dinheiro público como o Senado, administrar com eficiência exigiria bem mais que pequenos cortes. Tem que mexer na estrutura. Além disso, resultado desta mixaria de corte, se tiver, só daria resultado e poderia ser cobrado dentro de um ano. E até lá, brasileiros e brasileiras, isso já terá entrado no rol dos assuntos engavetados na memória da mídia.

Passado o primeiro semestre deste ano, entra a eleição de 2010 na pauta. Então a classe política, e por extensão os demais brasileiros, cai no ciclo eleitoral e deixa os assuntos urgentes da Nação para uma outra ocasião.

E o Sarney, o nosso Batatinha sem a inocência do gato vadio dos desenhos animados—, está com o “pudê” para uma eleição de importância extrema, numa situação em que os problemas mundiais estão no limite; na economia, no meio ambiente e até na segurança militar do planeta.

E o Manda-Chuva do Palácio do Planalto? Depois da derrota do PT, ele já deve estar se acertando com o Batatinha. Coisa boa é que não vem por aí. Preparem os bolsos: a conta vai ser bem alta.
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POR José Pires

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