segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Informação em proveito próprio

É bem representativo da política brasileira o diálogo entre José Sarney e o filho Fernando Sarney com os dois tramando o uso de duas empresas do grupo da família — a TV Mirante, afiliada da Rede Globo, e o jornal O Estado do Maranhão — contra o grupo do governador Jackson Lago (PDT). É assim que se faz política principalmente nos estados mais afastados do foco da opinião pública nacional.

Não que não seja muito parecido em São Paulo ou no Rio de Janeiro, ou mesmo em Brasília, mas é que nos grandes centros a diversidade de interesses não permite a instalação de oligarquias, como acontece no Maranhão. O poder da família Sarney vem desde a instalação da ditadura. Então imaginem sobre quanta violência se instalou o império de comunicação que domina hoje o estado.

É possível que o grupo de Jackson Lago faça coisas parecidas. Devem ter também suas emissoras de rádio e televisão, seus jornais, e duvido que nas redações sob seu poder seja possível fazer jornalismo com ética. No Brasil todo os políticos são muito parecidos. Mas, de qualquer modo a derrota de um grupo que esteve tanto tempo no poder sempre abre a possibilidade de transformações de qualidade, mesmo que os avanços sejam menores do que o desejado. Neste meio tempo, enquanto eles brigam e as novas forças se acomodam, sempre surgem espaços para que a sociedade civil conquiste direitos negados pela antiga oligarquia.

E o que aparece na conversa de Sarney com o filho é exatamente um dos pontos fundamentais do poderio dessa gente e um empecilho básico que impede qualquer transformação: o domínio da informação.

Mas para o azar deles, novas tecnologias vem quebrando o monopólio da informação. Não é à toa que deputados e senadores, tentam todo o tempo encaixar no Congresso Nacional alguma lei mascarada como defesa da privacidade e que verdade visa o controle dessa liberdade de expressão e de informação .
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POR José Pires

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