Aconteça ou não um segundo turno, a política brasileira sai dessa eleição menor do que entrou, o que é ainda mais espantoso porque nossa política já não era grande coisa antes dessa eleição. É aquilo que vivo dizendo, se tem lei que pega no Brasil são as leis do tipo de Murphy: quando alguma coisa pode piorar por aqui... piora mesmo.
Lula passou esses oitos anos esterilizando a política, tarefa a que ele se dedicou exacerbadamente nos últimos dois anos, usando a máquina pública, passando por cima das legislações e promovendo uma destruição do próprio processo eleitoral.
Bem, até aí não é surpresa. É por isso mesmo que Lula existe e também para isso criou o PT. E também de Dilma não se espera coisa melhor, tanto no aspecto técnico ou político quanto no humano.
O que espanta mesmo é que a oposição tenha participado do esvaziamento político nesta eleição, com uma campanha sem um projeto político identificável e dirigida especificamente por um marketing político lamentável até na forma técnica. E esta oposição nem pode se queixar pela falta de tempo, afinal teve pelo menos oito anos ou pelo menos o período do segundo mandato de Lula para se organizar para a derrota do lulo-petismo, tarefa para a qual nenhum dos candidatos mostrou competência até agora.
O que vemos a poucos dias da hora do voto é uma oposição confusa e de ações que contribuem ainda mais para o esvaziamento do debate político, trocando a discussão dos graves problemas brasileiros por uma campanha oportunista e de foco no curto prazo, de olho apenas no voto que faça a disputa ir para o segundo turno.
Bem, nunca foi possível extrair qualidade da política quando ela é feita no sufoco e não será agora que a oposição, seja Marina ou Serra, vai encontrar uma receita rápida. E cavar um segundo turno de qualquer jeito, como principalmente Serra vem fazendo, costuma apenas adiar a derrota que pode vir depois de forma até mais desastrosa, como os tucanos conheceram bem na última eleição presidencial, quando Geraldo Alckmin teve no segundo turno uma votação inferior a do primeiro.
O resultado da falta de preparo da oposição se vê agora no finalzinho deste segundo turno, quando os dois candidatos mais bem posicionados nas pesquisas colocam suas esperanças no voto de evangélicos bem próximos de um fundamentalismo religioso bastante atrasado, cujo centro de preocupação é o aborto.
A vítima dessa estranha aliança que faz de uma questão de saúde pública um assunto do demônio, por enquanto parece ser a petista Dilma Rousseff, que já expressou opinião favorável ao aborto em entrevistas no passado. Por isso tem muita gente calada frente ao debate maluco que foi criado. Alguns até surpreendentemente atiçam esta situação arriscada até no aspecto institucional, pois abre brechas de forma perigosa contra o até bem situado secularismo que o Brasil conquistou nos últimos anos.
O problema de conceder em período eleitoral um peso tão determinante a setores religiosos tão atrasados será o que fazer depois com as demais demandas de pessoas que permitem pouca coisa além do que reza o Velho Testamento.
Muitas dessas igrejas seguem códigos internos repressores do comportamento das crianças e dos jovens e também não permitem a liberdade feminina. Boa parte delas não concorda nem com o relativo desenvolvimento do cristianismo promovido pela Igreja Católica, sendo que em sua maioria condenam a tolerância dos católicos frente ao secularismo.
É preciso questionar o que pode ser um segundo turno caso a oposição chegue lá com este tipo de aliança, forçando um segundo turno de carona com conceitos fanatizados e demonizadores de qualquer discussão. Dessa forma, é provável que desça ainda mais o nível da tão rebaixada política brasileira.
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POR José Pires
Lula passou esses oitos anos esterilizando a política, tarefa a que ele se dedicou exacerbadamente nos últimos dois anos, usando a máquina pública, passando por cima das legislações e promovendo uma destruição do próprio processo eleitoral.
Bem, até aí não é surpresa. É por isso mesmo que Lula existe e também para isso criou o PT. E também de Dilma não se espera coisa melhor, tanto no aspecto técnico ou político quanto no humano.
O que espanta mesmo é que a oposição tenha participado do esvaziamento político nesta eleição, com uma campanha sem um projeto político identificável e dirigida especificamente por um marketing político lamentável até na forma técnica. E esta oposição nem pode se queixar pela falta de tempo, afinal teve pelo menos oito anos ou pelo menos o período do segundo mandato de Lula para se organizar para a derrota do lulo-petismo, tarefa para a qual nenhum dos candidatos mostrou competência até agora.
O que vemos a poucos dias da hora do voto é uma oposição confusa e de ações que contribuem ainda mais para o esvaziamento do debate político, trocando a discussão dos graves problemas brasileiros por uma campanha oportunista e de foco no curto prazo, de olho apenas no voto que faça a disputa ir para o segundo turno.
Bem, nunca foi possível extrair qualidade da política quando ela é feita no sufoco e não será agora que a oposição, seja Marina ou Serra, vai encontrar uma receita rápida. E cavar um segundo turno de qualquer jeito, como principalmente Serra vem fazendo, costuma apenas adiar a derrota que pode vir depois de forma até mais desastrosa, como os tucanos conheceram bem na última eleição presidencial, quando Geraldo Alckmin teve no segundo turno uma votação inferior a do primeiro.
O resultado da falta de preparo da oposição se vê agora no finalzinho deste segundo turno, quando os dois candidatos mais bem posicionados nas pesquisas colocam suas esperanças no voto de evangélicos bem próximos de um fundamentalismo religioso bastante atrasado, cujo centro de preocupação é o aborto.
A vítima dessa estranha aliança que faz de uma questão de saúde pública um assunto do demônio, por enquanto parece ser a petista Dilma Rousseff, que já expressou opinião favorável ao aborto em entrevistas no passado. Por isso tem muita gente calada frente ao debate maluco que foi criado. Alguns até surpreendentemente atiçam esta situação arriscada até no aspecto institucional, pois abre brechas de forma perigosa contra o até bem situado secularismo que o Brasil conquistou nos últimos anos.
O problema de conceder em período eleitoral um peso tão determinante a setores religiosos tão atrasados será o que fazer depois com as demais demandas de pessoas que permitem pouca coisa além do que reza o Velho Testamento.
Muitas dessas igrejas seguem códigos internos repressores do comportamento das crianças e dos jovens e também não permitem a liberdade feminina. Boa parte delas não concorda nem com o relativo desenvolvimento do cristianismo promovido pela Igreja Católica, sendo que em sua maioria condenam a tolerância dos católicos frente ao secularismo.
É preciso questionar o que pode ser um segundo turno caso a oposição chegue lá com este tipo de aliança, forçando um segundo turno de carona com conceitos fanatizados e demonizadores de qualquer discussão. Dessa forma, é provável que desça ainda mais o nível da tão rebaixada política brasileira.
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POR José Pires
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