Há alguns dias apareceu a notícia de que o site do candidato José Serra ficou mais de um dia fora do ar. Tenho a impressão de que foi bem além disso, pois no dia em que li a notícia de que haviam resolvido o problema entrei no site e encontrei apenas uma página em branco.
Surgiram várias explicações para o fato, desde um mero problema técnico até um ataque de hacker, mas não sei o que deu afinal, pois como já disse aqui neste blog a candidatura do Serra não tem uma comunicação direta com os internautas. Já me cadastrei no site e nunca recebi coisa alguma deles. Da campanha da Dilma recebo todos os dias.
Pra ninguém dizer que poso de profeta depois da coisa ter acontecido, desde o início da campanha venho dizendo que o marketing de Serra estava no caminho errado, como fiz no texto "Serra: conceito e visual no caminho errado", publicado em 12 de julho. Em agosto, no texto "Os tucanos voando baixo na internet", falei sobre a falta de comunicação com os internautas. E isso porque ainda não tinham inventando a besteira de tentar transformar o Serra num Zé. Disse em 16 de agosto, antes de todos, que até por ser uma impostura isso desmotivaria e até poderia afastar os que já acreditavam em Serra e não estavam afim de Zé algum. Apontei também a tática como deficiente do ponto de vista técnico, coisa de marketing nada profissional. Ainda lá atrás, no dia 5 de julho, eu falava que os tucanos não ocupavam espaço na internet, o que os petistas vem fazendo há pelo menos três anos e de forma bem agressiva.
O componente humorístico da queda do site tucano foi a informação de que a própria responsável pela internet deles nesta eleição, Soninha Francine, soube do caso somente depois de mais de dez horas que o site estava fora do ar. Deve ter sido a própria Soninha que deu esta informação à imprensa, pois ela tem este estilo, digamos assim, “sincero” de fazer política.
Bem, se foi assim, até a responsável pela internet permanece horas sem acessar o site do candidato, não é mesmo? E aí a piada fica melhor: quantos mais na campanha perceberam que o site ficou fora do ar?
Vamos trabalhar, pessoal. Mas entre os internautas é provável que poucos tenham notado. Eu mesmo, que sou do ramo, já não acessava o site tucano há alguns dias porque havia desistido de esperar algo deles na internet. Com já disse aqui no blog, nesta área essencial da comunicação eles já perderam. Em comunicação nada se resolve no curto prazo. Na internet isso fica ainda mais difícil. Internet é, basicamente, presença cotidiana. Mas como isso pode ocorrer sem nem e-mail os tucanos mandam para os cadastrados?
Mas parece que está resolvido o problema técnico. E aproveitaram para dar uma mudada, como pude ver agora há pouco. O site do Serra está no ar. Bem, essa é a boa notícia. Mas era melhor que tivessem continuado fora do ar. O site agora traz apenas um formulário para que o internauta expresse sua opinião e dê uma força para a campanha.
Outra novidade é que o vice Índio da Costa aparece na cabeça da página, logo atrás da imagem de Serra. Deve ser para fortalecer a autoria dessa idéia de que é a "hora da virada", que na imprensa foi veiculada como sendo uma sacada dele, o vice.
Vejam lá em cima os dois, exatamente como está na página do tucano. É nesta hora que faz falta um bom marqueteiro para ajeitar uma coisa dessas: "Põe a imagem do vice mais para a direita... isso, vai avançando por detrás da imagem do Serra, mais para a direita, mais, mais, mais... pronto, sumiu".
Ao lado de Serra e do vice, uma frase em forma de slogan, mais um desastre tucano nesta eleição: “É hora da virada”. Hoje, no primeiro dia de setembro, ainda falta mais de um mês para a eleição, mas a sacada vem de cerca de uma semana atrás. Mesmo que fosse fevereiro, um mês é bastante tempo numa eleição.
As coisas estão mudando bastante: no meu tempo, virada era uma necessidade desesperada de final de jogo. Como estamos ainda no primeiro tempo, ou turno, o que esses idiotas fazem é apontar para o eleitor que eles acham que Serra pode nem ir para o segundo turno. Eu sabia que esse negócio de tucano ficar ligado no Lula não ia acabar bem.
Os responsáveis pela campanha de Serra devem pensar que a palavra “virada” pode servir de estímulo neste clima de derrotismo que vem sendo gradativamente criada por eles próprios. Mas quem será que falou isso para eles? Virada não é sinônimo de força, mas de desespero, e disso até a torcida do Corinthians sabe, pois só é possível desejar uma uma virada quando a derrota total e iminente.
Mas, talvez por falta de algum corintiano na equipe, colocaram no ar uma das grandes bobagens eleitorais da nossa história política que até reforça a campanha da adversária petista, que busca construir um clima de vitória até no primeiro turno. Bem, se a própria campanha do Serra vem com essa conversa de “hora da virada”, é difícil que o eleitor pense outra coisa senão que ele está derrotado.
Outra coisa: não foi criado clima algum de compromisso com a candidatura da parte da grande massa de eleitores, até porque o que o próprio candidato vem fazendo com suas absurdas transformações é demolir a empatia que já existia antes do início da campanha.
Mas tirando essas deficiências para a aplicação da idéia de uma virada, nem existe razão objetiva para acreditar nisso. Tiraram isso do clima criado por pesquisas? Ora o eleitor já está acostumado com essas coisas, porque em toda a eleição é igual. E o que temos são pesquisas eleitorais, a maior parte delas, quase todas, de nenhuma confiança e credibilidade. E, além do mais, temos pelo menos trinta dias pela frente, o que é bastante tempo numa eleição.
Não é “hora da virada”, até porque um período desses permite muita variação. Mas mesmo sendo um desastre esta idéia da “virada”, o que se espera na comunicação de uma campanha política é que haja um trabalho criativo em torno da proposta, com material gráfico e de texto de bastante qualidade e um trabalho de campo, em comitês eleitorais e todo o aparato que envolva gente pelo país afora, para criar um clima de animação.
Seria bom desenvolver rapidamente um site com muitas informações e as criações de conteúdo que a internet permite. Mas o que temos não é nada disso. Foi feito um site onde se pede um comentário com o tema “O Brasil pode mais. Diga por quê”. E é só isso. No lado esquerdo as opiniões vão correndo. Tem opinião até da responsável pela internet do Serra, a Soninha Francine. E fica nisso.
Não sei se dá tempo, mas acho que se é era pra ter “hora da virada”, já passou da hora de tirar a campanha do Serra dessa pasmaceira derrotista e sem criatividade, que é um dos pontos negativos que impediram até agora um crescimento da candidatura. Mas isso eles só podem resolver se tiver segundo tempo.
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POR José Pires
Surgiram várias explicações para o fato, desde um mero problema técnico até um ataque de hacker, mas não sei o que deu afinal, pois como já disse aqui neste blog a candidatura do Serra não tem uma comunicação direta com os internautas. Já me cadastrei no site e nunca recebi coisa alguma deles. Da campanha da Dilma recebo todos os dias.
Pra ninguém dizer que poso de profeta depois da coisa ter acontecido, desde o início da campanha venho dizendo que o marketing de Serra estava no caminho errado, como fiz no texto "Serra: conceito e visual no caminho errado", publicado em 12 de julho. Em agosto, no texto "Os tucanos voando baixo na internet", falei sobre a falta de comunicação com os internautas. E isso porque ainda não tinham inventando a besteira de tentar transformar o Serra num Zé. Disse em 16 de agosto, antes de todos, que até por ser uma impostura isso desmotivaria e até poderia afastar os que já acreditavam em Serra e não estavam afim de Zé algum. Apontei também a tática como deficiente do ponto de vista técnico, coisa de marketing nada profissional. Ainda lá atrás, no dia 5 de julho, eu falava que os tucanos não ocupavam espaço na internet, o que os petistas vem fazendo há pelo menos três anos e de forma bem agressiva.
O componente humorístico da queda do site tucano foi a informação de que a própria responsável pela internet deles nesta eleição, Soninha Francine, soube do caso somente depois de mais de dez horas que o site estava fora do ar. Deve ter sido a própria Soninha que deu esta informação à imprensa, pois ela tem este estilo, digamos assim, “sincero” de fazer política.
Bem, se foi assim, até a responsável pela internet permanece horas sem acessar o site do candidato, não é mesmo? E aí a piada fica melhor: quantos mais na campanha perceberam que o site ficou fora do ar?
Vamos trabalhar, pessoal. Mas entre os internautas é provável que poucos tenham notado. Eu mesmo, que sou do ramo, já não acessava o site tucano há alguns dias porque havia desistido de esperar algo deles na internet. Com já disse aqui no blog, nesta área essencial da comunicação eles já perderam. Em comunicação nada se resolve no curto prazo. Na internet isso fica ainda mais difícil. Internet é, basicamente, presença cotidiana. Mas como isso pode ocorrer sem nem e-mail os tucanos mandam para os cadastrados?
Mas parece que está resolvido o problema técnico. E aproveitaram para dar uma mudada, como pude ver agora há pouco. O site do Serra está no ar. Bem, essa é a boa notícia. Mas era melhor que tivessem continuado fora do ar. O site agora traz apenas um formulário para que o internauta expresse sua opinião e dê uma força para a campanha.
Outra novidade é que o vice Índio da Costa aparece na cabeça da página, logo atrás da imagem de Serra. Deve ser para fortalecer a autoria dessa idéia de que é a "hora da virada", que na imprensa foi veiculada como sendo uma sacada dele, o vice.
Vejam lá em cima os dois, exatamente como está na página do tucano. É nesta hora que faz falta um bom marqueteiro para ajeitar uma coisa dessas: "Põe a imagem do vice mais para a direita... isso, vai avançando por detrás da imagem do Serra, mais para a direita, mais, mais, mais... pronto, sumiu".
Ao lado de Serra e do vice, uma frase em forma de slogan, mais um desastre tucano nesta eleição: “É hora da virada”. Hoje, no primeiro dia de setembro, ainda falta mais de um mês para a eleição, mas a sacada vem de cerca de uma semana atrás. Mesmo que fosse fevereiro, um mês é bastante tempo numa eleição.
As coisas estão mudando bastante: no meu tempo, virada era uma necessidade desesperada de final de jogo. Como estamos ainda no primeiro tempo, ou turno, o que esses idiotas fazem é apontar para o eleitor que eles acham que Serra pode nem ir para o segundo turno. Eu sabia que esse negócio de tucano ficar ligado no Lula não ia acabar bem.
Os responsáveis pela campanha de Serra devem pensar que a palavra “virada” pode servir de estímulo neste clima de derrotismo que vem sendo gradativamente criada por eles próprios. Mas quem será que falou isso para eles? Virada não é sinônimo de força, mas de desespero, e disso até a torcida do Corinthians sabe, pois só é possível desejar uma uma virada quando a derrota total e iminente.
Mas, talvez por falta de algum corintiano na equipe, colocaram no ar uma das grandes bobagens eleitorais da nossa história política que até reforça a campanha da adversária petista, que busca construir um clima de vitória até no primeiro turno. Bem, se a própria campanha do Serra vem com essa conversa de “hora da virada”, é difícil que o eleitor pense outra coisa senão que ele está derrotado.
Outra coisa: não foi criado clima algum de compromisso com a candidatura da parte da grande massa de eleitores, até porque o que o próprio candidato vem fazendo com suas absurdas transformações é demolir a empatia que já existia antes do início da campanha.
Mas tirando essas deficiências para a aplicação da idéia de uma virada, nem existe razão objetiva para acreditar nisso. Tiraram isso do clima criado por pesquisas? Ora o eleitor já está acostumado com essas coisas, porque em toda a eleição é igual. E o que temos são pesquisas eleitorais, a maior parte delas, quase todas, de nenhuma confiança e credibilidade. E, além do mais, temos pelo menos trinta dias pela frente, o que é bastante tempo numa eleição.
Não é “hora da virada”, até porque um período desses permite muita variação. Mas mesmo sendo um desastre esta idéia da “virada”, o que se espera na comunicação de uma campanha política é que haja um trabalho criativo em torno da proposta, com material gráfico e de texto de bastante qualidade e um trabalho de campo, em comitês eleitorais e todo o aparato que envolva gente pelo país afora, para criar um clima de animação.
Seria bom desenvolver rapidamente um site com muitas informações e as criações de conteúdo que a internet permite. Mas o que temos não é nada disso. Foi feito um site onde se pede um comentário com o tema “O Brasil pode mais. Diga por quê”. E é só isso. No lado esquerdo as opiniões vão correndo. Tem opinião até da responsável pela internet do Serra, a Soninha Francine. E fica nisso.
Não sei se dá tempo, mas acho que se é era pra ter “hora da virada”, já passou da hora de tirar a campanha do Serra dessa pasmaceira derrotista e sem criatividade, que é um dos pontos negativos que impediram até agora um crescimento da candidatura. Mas isso eles só podem resolver se tiver segundo tempo.
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POR José Pires
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