A União Africana mostrou logo de forma prática para o que serve: linha de auxílio de ditadores. Não que houvesse razões para acreditar em outra serventia para esse ajuntamento de ditadores africanos.
Uma delegação foi enviada à Líbia para negociar um cessar fogo com Muammar Kadhafi e trouxe a notícia de que o ditador líbio aceitou um plano proposto para acabar com o conflito no país.
Não existe nenhum documento consistente sobre a proposta da União Africana, o que também não surpreende. Isso está mais para missão de salvamento do que para missão diplomática. O acordo proposto é uma evidente maquinação para tentar livrar Kadhafi de um destino que já parece selado: ele tem que sair do poder.
O problema político é que se Kadhafi não sair do poder, então o egípcio Hosni Mubarak e outros ditadores da região podem muito bem voltar.
Um dos membros da União Africana, o presidente da África do Sul, Jacob Zuma, só teve palavras carinhosas para o ditador líbio. "Eu tenho um compromisso que me obriga a sair do país, mas nós terminamos completamente nossa missão com o líder irmão (Kadhafi)", disse Zuma a jornalistas.
Já ouvimos antes esse negócio de chamar Kadhafi de "irmão". O que será que o ditador líbio dá para essa gente? O ex-presidente Lula também tinha esse jeito de falar com o Kadhafi. Lula foi ainda mais afetuoso. Chamou o ditador de "amigo, irmão e líder".
Agora ele está tentando desdizer sua declaração afetuosa, mas isso é bem difícil, pois sua fala está relacionada com atitudes práticas muito simpáticas à Kadhafi. Para começar, recebeu a medalha Al Fateh, a mais alta condecoração do regime líbio. Já perguntei aqui se Lula vai expor a medalha na sua fundação junto aos badulaques que juntou quando era presidente. Não pode é sumir com ela, afinal é um pedacinho importante da sua história.
Mas o abandono do Lula é normal. Segue o roteiro de sempre, o de largar companheiros que caem em desgraça. Mas que Lula está fazendo falta na Líbia, isso está. O mundo anda com saudades daquela revolucionária estratégia lulo-petista de relações internacionais que durou tão pouco: a política do olho no olho.
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POR José Pires
Uma delegação foi enviada à Líbia para negociar um cessar fogo com Muammar Kadhafi e trouxe a notícia de que o ditador líbio aceitou um plano proposto para acabar com o conflito no país.
Não existe nenhum documento consistente sobre a proposta da União Africana, o que também não surpreende. Isso está mais para missão de salvamento do que para missão diplomática. O acordo proposto é uma evidente maquinação para tentar livrar Kadhafi de um destino que já parece selado: ele tem que sair do poder.
O problema político é que se Kadhafi não sair do poder, então o egípcio Hosni Mubarak e outros ditadores da região podem muito bem voltar.
Um dos membros da União Africana, o presidente da África do Sul, Jacob Zuma, só teve palavras carinhosas para o ditador líbio. "Eu tenho um compromisso que me obriga a sair do país, mas nós terminamos completamente nossa missão com o líder irmão (Kadhafi)", disse Zuma a jornalistas.
Já ouvimos antes esse negócio de chamar Kadhafi de "irmão". O que será que o ditador líbio dá para essa gente? O ex-presidente Lula também tinha esse jeito de falar com o Kadhafi. Lula foi ainda mais afetuoso. Chamou o ditador de "amigo, irmão e líder".
Agora ele está tentando desdizer sua declaração afetuosa, mas isso é bem difícil, pois sua fala está relacionada com atitudes práticas muito simpáticas à Kadhafi. Para começar, recebeu a medalha Al Fateh, a mais alta condecoração do regime líbio. Já perguntei aqui se Lula vai expor a medalha na sua fundação junto aos badulaques que juntou quando era presidente. Não pode é sumir com ela, afinal é um pedacinho importante da sua história.
Mas o abandono do Lula é normal. Segue o roteiro de sempre, o de largar companheiros que caem em desgraça. Mas que Lula está fazendo falta na Líbia, isso está. O mundo anda com saudades daquela revolucionária estratégia lulo-petista de relações internacionais que durou tão pouco: a política do olho no olho.
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POR José Pires
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