A morte de Muammar Kadhafi atinge em cheio a tal da diplomacia do PT, propagandeada por Lula de forma soberba enquanto ele foi presidente. A realpolitk atrapalhou de um jeito muito rápido os planos de Lula e seus companheiros, bem acostumados a sustentarem-se em propaganda, muita propaganda sobre teorias e intenções que por vezes demais não são colocadas em prática.
É o caso da tal diplomacia revolucionária, em que a estreita relação com Kadhafi foi por um tempo um suporte importante que dava um tom do interesse de Lula para se sobressair no plano internacional. Já escrevi bastante sobre isso aqui no blog. Lula chegou até a referir-se ao ex-ditador da Líbia como "amigo, irmão e líder", um exagero bem próprio de Lula, que quase sempre se deixa levar pelo próprio gogó.
Nem vem ao caso minha contrariedade com a alegada diplomacia revolucionária petista. Mas penso que é o caso de se cobrar coerência pelo menos nisso. Se Kadhafi não tivesse tido o azar de acontecer o levante em sua terra, que logo foi encampado pelos Estados Unidos, com a valiosa colaboração da França, é evidente que Lula já teria aproveitado há bastante tempo para dar uma passada pela Líbia, agora que está sem cadeira oficial no Palácio do Planalto. Já teria trombeteado suas bravatas ao lado do "amigo, líder e irmão".
Porém, com a desgraça de Kadhafi, Lula nunca mais deu um pio sobre os acontecimentos na Líbia. O ditador líbio enfrentou a adversidade com uma resistência admirável, isso tem que ser admitido mesmo pelos que não gostam de Kadhafi.
No entanto, enquanto ocorriam as batalhas na Líbia, não se viu uma atitude prática do governo petista para emprestar solidariedade à Kadhafi e tentar livrá-lo deste fim que não era inesperado. Bem, levando em consideração a efusividade de Lula quando Kadhafi detinha um poder que parecia inesgotável, coerência de fato exigiria que o Brasil mandasse tropas militares para ajudá-lo.
Considerando também a fervorosa emoção que os petistas tiveram com o gesto de Lula e a vibração da blogosfera petista com a tal diplomacia revolucionária, a intervenção militar na Líbia exigiria que houvesse no Brasil algo parecido com o que aconteceu na década de 30 quando os franquistas agrediram a república espanhola. Deveria ter-se formado por aqui brigadas internacionais para levar ajuda militar ao "irmão, amigo e líder" Kadhafi.
É assim que se faz uma diplomacia revolucionária? No primeiro revés pratica-se um recuo covarde. A relação com o governo líbio que agora leva o último tiro foi simplesmente esquecida. Sei muito bem que o tolo cumprimento fraterno de Lula era impróprio para qualquer relação política e muito mais ainda para relações entre dois países, onde não cabe esse negócio de "irmão". Mas já que foi assim, que pelo menos a palavra fosse honrada com gestos práticos.
O último tiro em Kadhafi traz uma dose muito importante de realismo que este governo deveria aplicar em sua diplomacia. É uma questão de bom senso que um governo (que, por mais que dure, sempre será transitório) nunca encaminhe o país para desafios e responsabilidades difíceis de serem sustentadas na prática.
Os abraços e o clima de fraternidade de Lula com Kadhafi poderiam ter levado o Brasil para uma situação muito dura, se fosse mesmo conseqüente a tal diplomacia petista. Está aí um caso em que dá até alívio o fato de eles serem covardes. O que nos salva é que, como muitas coisas desse governo, os inquebrantáveis laços entre o ex-ditador líbio e Lula não eram nada sério. Ao menos do lado de Lula era só no gogó, por isso houve logo o recuo covarde e o silêncio em relação ao "amigo" que passou a ser caçado pela oposição interna com a ajuda de grandes potências.
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POR José Pires
É o caso da tal diplomacia revolucionária, em que a estreita relação com Kadhafi foi por um tempo um suporte importante que dava um tom do interesse de Lula para se sobressair no plano internacional. Já escrevi bastante sobre isso aqui no blog. Lula chegou até a referir-se ao ex-ditador da Líbia como "amigo, irmão e líder", um exagero bem próprio de Lula, que quase sempre se deixa levar pelo próprio gogó.
Nem vem ao caso minha contrariedade com a alegada diplomacia revolucionária petista. Mas penso que é o caso de se cobrar coerência pelo menos nisso. Se Kadhafi não tivesse tido o azar de acontecer o levante em sua terra, que logo foi encampado pelos Estados Unidos, com a valiosa colaboração da França, é evidente que Lula já teria aproveitado há bastante tempo para dar uma passada pela Líbia, agora que está sem cadeira oficial no Palácio do Planalto. Já teria trombeteado suas bravatas ao lado do "amigo, líder e irmão".
Porém, com a desgraça de Kadhafi, Lula nunca mais deu um pio sobre os acontecimentos na Líbia. O ditador líbio enfrentou a adversidade com uma resistência admirável, isso tem que ser admitido mesmo pelos que não gostam de Kadhafi.
No entanto, enquanto ocorriam as batalhas na Líbia, não se viu uma atitude prática do governo petista para emprestar solidariedade à Kadhafi e tentar livrá-lo deste fim que não era inesperado. Bem, levando em consideração a efusividade de Lula quando Kadhafi detinha um poder que parecia inesgotável, coerência de fato exigiria que o Brasil mandasse tropas militares para ajudá-lo.
Considerando também a fervorosa emoção que os petistas tiveram com o gesto de Lula e a vibração da blogosfera petista com a tal diplomacia revolucionária, a intervenção militar na Líbia exigiria que houvesse no Brasil algo parecido com o que aconteceu na década de 30 quando os franquistas agrediram a república espanhola. Deveria ter-se formado por aqui brigadas internacionais para levar ajuda militar ao "irmão, amigo e líder" Kadhafi.
É assim que se faz uma diplomacia revolucionária? No primeiro revés pratica-se um recuo covarde. A relação com o governo líbio que agora leva o último tiro foi simplesmente esquecida. Sei muito bem que o tolo cumprimento fraterno de Lula era impróprio para qualquer relação política e muito mais ainda para relações entre dois países, onde não cabe esse negócio de "irmão". Mas já que foi assim, que pelo menos a palavra fosse honrada com gestos práticos.
O último tiro em Kadhafi traz uma dose muito importante de realismo que este governo deveria aplicar em sua diplomacia. É uma questão de bom senso que um governo (que, por mais que dure, sempre será transitório) nunca encaminhe o país para desafios e responsabilidades difíceis de serem sustentadas na prática.
Os abraços e o clima de fraternidade de Lula com Kadhafi poderiam ter levado o Brasil para uma situação muito dura, se fosse mesmo conseqüente a tal diplomacia petista. Está aí um caso em que dá até alívio o fato de eles serem covardes. O que nos salva é que, como muitas coisas desse governo, os inquebrantáveis laços entre o ex-ditador líbio e Lula não eram nada sério. Ao menos do lado de Lula era só no gogó, por isso houve logo o recuo covarde e o silêncio em relação ao "amigo" que passou a ser caçado pela oposição interna com a ajuda de grandes potências.
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POR José Pires
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