segunda-feira, 24 de novembro de 2008

E lula, claro, assinou...

E o presidente Lula assinou o decreto que permite à operadora de telefonia Oi comprar a Brasil Telecom e formar o que está sendo chamado de “Super Tele”, mas que no meu entender devia se chamar ”Super Monopólio”. Lula fez o serviço na quinta-feira passada. O decreto foi publicado no Diário Oficial.

A canetada do petista altera o Plano Geral de Outorgas, o PGO, que rege a telefonia fixa no Brasil, e mexe exatamente no ponto que impedia o negócio entre a Oi e a Brasil Telecom. Com o decreto, Lula cria um novo PGO colocvando na prática a assinatura final no negocião de cerca de R$ 13 bilhões.

O anúncio da compra da Brasil Telecom já foi feito há seis meses, o que comprova uma segurança imensa dos empresários de que o presidente da República assinaria o decreto. E a etapa definitiva do processo, que depende de decisão da Anatel, também deve transcorrer sem dificuldade.

Também neste caso a confiança dos empresários é admirável: existe até uma multa prevista, a ser paga pela Oi à Brasil Telecom caso o negócio não se efetue até 21 de dezembro. A presença da Anatel na maior fusão do ramo da telefonia parece atender apenas à uma formalidade.

Eu disse que a compra envolve cerca de R$ 13 bilhões. Mas ainda não falei quem é que paga. De R$ 8 a 10 bilhões vão sair do BNDES e o Banco do Brasil, ou seja, do seu, do meu, do nosso bolso. Espero que nestes tempos de crise essa bolada não faça falta para socorrer os pobres dos grandes bancos.

Seria óbvio dizer que isso parece uma grande, imensa maracutaia. Mas, notaram que está todo mundo quieto? É um sinal dos tempos. Imaginem o presidente Fernando Henrique Cardoso eliminando das regras da telefonia artigos que impedem o monopólio? Bem, nesta hora o PT e a CUT já estariam nas ruas. E as barracas pretas do MST com certeza também já estariam instaladas na frente das sedes das duas empresas e talvez até próximas ao palácio do Planalto.

E Lula tem interesse pessoal no negócio? Não apareceu nada ainda que o ligue diretamente, mas o fato é que a família dele já fez bons negócios com beneficiários da compra. A Oi, quando ainda era a antiga Telemar, colocou muitos milhões de reais na Gamecorp, a empresa de Lulinha, o filho prodígio do presidente, um gênio do setor da informática (é um craque em jogar videogame).

De monitor de jardim zoológico, onde ganhava cerca de 600 reais por mês, Lulinha tornou-se milionário com uma grande tacada, associando-se à Telemar. A Oi/Telemar acabou investindo mais de R$ 10 milhões na Gamecorp.

Outro fato que merece destaque é que o decreto acaba beneficiando o empresário Sérgio Andrade, da construtora Andrade Gutierrez e sócio de Carlos Jereissati na Oi. Acontece que Andrade foi o maior doador da campanha de reeleição Lula em 2006, quando sua empresa doou R$ 6,4 milhões ao PT e mais R$ 1,52 milhão diretamente para a campanha.

Bem, dentro dos preceitos legais Andrade é livre para fazer o que deseja com seu dinheiro, mas o presidente da República não deveria agir num caso como esses como no caso da mulher de César? Eu penso que sim.

Mas já faz tempo que Lula não se preocupa nem com as aparências. O que também é o caso de seus liderados, das pessoas, instituições e empresas que subiram com ele ao poder. Até pouco tempo atrás alguns até aparentavam uma certa vergonha, mas agora parece que a coisa degringolou de vez e ninguém mais se preocupa em fazer em público o que antes era às escondidas. 

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POR José Pires

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