terça-feira, 18 de novembro de 2008

Investigando o investigador

Alguém acredita que as investigações da política brasileira, qualquer uma delas, são feitas sempre dentro da lei, sem ferir nenhum preceito jurídico ou mesmo constitucional? Acho que nem personagem humorístico (a falecida Velhinha de Taubaté ou o atuante Eremildo, crédula personagem de Elio Gaspari) pode crer em uma pessoa atuante e severa, agindo sempre nos rigores da lei. Talvez sob tortura alguém até confesse que a nossa polícia age corretamente. E não deve faltar meganha para fazer este serviço.

Bem, então por que a cerrada marcação em cima do delegado Protógenes Queiroz? O minucioso exame do ministério da Justiça, da própria Polícia Federal e também da imprensa sem cima dos métodos investigativos da Operação Satiagraha são de deixar qualquer um com centenas de pulgas atrás da orelha. Nunca houve nenhuma preocupação com os métodos da PF ou de qualquer outra polícia, então por que tanto zelo exatamente com esta investigação?

A explicação sobre esta singular preocupação do governo com a lisura de uma investigação da PF pode estar nos alvos atingidos pela Operação Satiagraha. Os documentos apreendidos na operação indicam a existência de um esquema que movimentava R$ 18 milhões apenas em propinas para políticos, juizes e jornalistas. É bastante dinheiro e também muita gente para se preocupar com o rigor da lei em uma investigação policial.

É parecido com a preocupação com uso de algemas quando bacanas começaram a aparecer algemados nas fotos e lembra bastante também a ocupação de ministro de Lula com a questão histórica da tortura a prisioneiros políticos e o descaso com a tortura cotidiana em nossas delegacias de polícia. O ministro da Justiça Tarso Genro, afinal, não devia cuidar disso?

Não podemos esquecer também que as investigações do delegado Protógenes e seus comandados atingiram Lulinha, o filho pródigo do presidente Lula, e chegaram até a ante-sala do presidente, com o grampeamento e vazamento das conversas de seu secretário e amigo pessoal, Gilberto Carvalho, que lançam fortes suspeitas de tráfico de influência por aquele lado do Planalto. A Satiagraha atrapalha também um negócio pelo qual Lula mostra grande interesse: a venda da Brasil Telecom para a OI.

Desse jeito, os métodos investigativos usados na Operação Satiagraha tinham mesmo que ser condenados. Principalmente porque deram certo.

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POR José Pires

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