terça-feira, 16 de outubro de 2018

Fake news do bem que vem pra mal


Na eleição de mais baixa qualidade de informação que este país já teve não dá para saber se é pior o material fake de ataques ou o material fake a favor. Sim, existe muita fake a favor rodando pela internet, tanto de seguidores de Bolsonaro quanto do candidato do PT. E como existe uma massa de apoiadores de ambos os lados que se guia por um voluntarismo totalmente desinformado, acaba sendo grande o compartilhamento dessas fakes pretensamente a favor. E digo pretensamente porque grande parte delas podem causar um estrago político tremendo. Quem sofre mais é Fernando Haddad, não só por ele estar muito atrás de Bolsonaro, mas porque sua candidatura tem a necessidade de material com mais credibilidade. Não estou entrando no mérito da candidatura do PT, trata-se de uma questão da imagem política necessária para que cada um dos candidatos se sobressaia.

Tem muito material fake sobre Bolsonaro feito por seguidores, com conteúdos muito absurdos, mas a candidatura dele é um caso à parte na história das campanhas políticas no Brasil. É uma candidatura que cresceu com um sentimento de apreciador de filme trash. Pouco importa a grosseria, a má qualidade da atuação e os exageros de performance, tanto faz também se é verdade ou mentira. Os fãs de Bolsonaro estão sempre aplaudindo. Gostam até dos materiais de denúncia feito por adversários, como os vídeos nos quais o próprio candidato diz que é a favor da tortura e solta todas aquelas barbaridades cruéis e preconceituosas.

Bolsonaro é um produto trash, de modo que isso cria uma dificuldade para combatê-lo apontando o que só poderia ser visto como defeito por um público que tivesse algum bom senso. A massa delira até com grosserias de seu candidato com mulheres. Provavelmente Bolsonaro seria muito prejudicado se fosse possível exigir dele respostas sobre os problemas do Brasil. Porém, esta é uma deficiência pessoal que ele conhece como ninguém. E como teve a chance de escapar dessas difíceis provas, com certeza até o fim da eleição fugirá de debates e entrevistas em programas fora de seu controle.

Quando digo que Bolsonaro é trash não estou querendo com isso afirmar que seu adversário Haddad seja melhor que ele. É uma questão de embalagem. Ou de efeitos especiais, como queiram. Estou apontando apenas diferença de imagens. Na minha opinião, com a vitória de um ou de outro, haverá apenas uma diferença de conteúdo na desgraça que deve se abater sobre o nosso país. Seja qual for o vencedor, a barra ficará mais pesada do que já está. Mas, voltando a falar do material fake a favor, em razão da condição, digamos, insólita de Bolsonaro nenhuma barbaridade afeta sua imagem. Já com Haddad a situação é mais delicada. Por isso o candidato do PT está indignado com materiais de ataque à sua imagem. O jogo sujo do PT não funciona com Bolsonaro, mas para Haddad os ataques morais tem um peso muito negativo no terreno de degradação que viraram as redes sociais.

Nem dá para dizer que é bem feito para os petistas, pois esta lama respinga em todos nós. Mas, enfim, é o que há para encarar. Haddad sofre os efeitos de uma política de desagregação, ódio e uma burrice sem tamanho que foi alimentada por seu próprio partido, durante os anos de poder. Seus problemas na comunicação hoje em dia são tão complicadores que até os materiais fakes produzidos por seus apoiadores causam um estrago danado.

Um exemplo é o dessa imagem, que divulga a composição de um ministério totalmente sem sentido, como se fosse um anúncio oficial da candidatura. Existem outras de outros tipos. Esta já foi desmentida até pela presidente do partido, Gleisi Hoffman, mas não adianta. Os apoiadores mantêm o compartilhamento. Mesmo sendo um ministério com nomes absurdos, os desinformados defensores do PT pensam que estão fazendo um bem para candidatura de Haddad. O PT chegou numa situação tão difícil que tem que se defender até do que é feito a seu favor.
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POR José Pires

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