Jair Bolsonaro cria expectativas em excesso para qualquer medida que vai tomar e no final sempre dá problema, independente da qualidade da sua decisão. O presidente causa suspense demais e estimula um clima de polêmicas vazias, causando até conflagrações na sua base de apoio e entre seus seguidores. Tem também a vergonha que os bolsonaristas acabam passando, mas parece que os que ainda estão com ele já se conformaram com isso.
Na escolha do novo procurador-geral da República teve esta confusão desnecessária, causada basicamente pela inabilidade política de Bolsonaro. Foi produzido até dossiê entre deputados bolsonaristas contra Augusto Aras, que afinal acabou sendo indicado para suceder Raquel Dodge.
O novo procurador-geral é tido como esquerdista pelos bolsonaristas, o que causou insatisfação nos seguidores de Bolsonaro. Deputados encaminharam diretamente ao presidente um documento com a ficha do procurador, indicando a incoerência política entre sua história pessoal e os alegados propósitos do governo.
Aras já defendeu até o MST e fez isso em discurso inflamado em uma comissão da Câmara, quando disse que o movimento comandado por João Pedro Stédile “trouxe maior politização às comunidades operárias e trabalhadoras”. O nome indicado por Bolsonaro tem também relação estreita com Jaques Wagner, senador e ex-governador da Bahia, político petista historicamente ligado a Lula. A indicação é tida como um golpe contra a Lava Jato, trazendo riscos à independência do Ministério Público. Aras também não é um nome aprovado por Sérgio Moro.
Como eu disse, que bom que os seguidores de Bolsonaro já se acostumaram a passar vergonha. Até porque esta semana o vexame está pesado. Houve também a publicação dos vetos à Lei de Abuso de Autoridade, cujo processo rolou com o mesmo sensacionalismo que antecipou a indicação de Aras, produzindo do mesmo modo muita polêmica e emoção, para acabar em uma baita decepção.
Os bolsonaristas se animaram com a pretensa disposição de Bolsonaro de vetar a lei articulada na Câmara contra a Lava Jato. Esperava-se o veto como um posicionamento do presidente a favor do combate à corrupção. Correu pelas redes sociais o alarido exigindo o veto integral, que é claro que acabou não acontecendo.
Mas, enfim, o baque sendo duplo, com Aras na Procuradoria-Geral e sem o veto à Lei de Abuso de Autoridade, pelo menos facilita aos fanáticos seguidores bolsonaristas enfiarem goela abaixo o desaforo de seu amado capitão.
.........................
POR José Pires
Nenhum comentário:
Postar um comentário