quinta-feira, 19 de setembro de 2019

Marilena Chauí: o sumiço da autora da filosofia do ódio à classe média

Falando sobre figuras cuja ausência preenche uma lacuna — como dizia o grande Stanislaw Ponte Preta —, lembrei de Marilena Chauí, que sumiu de cena. A professora de filosofia da USP teve participação intensa no debate político até um pouco antes do impeachment de Dilma Rousseff e depois disso não deu mais deu as caras. Ou o que ela andou falando não recebeu a mesma atenção de antes. Tudo anda tão amalucado no Brasil de uns tempos para cá que um doido a mais não faria diferença e talvez até por isso sua ausência não seja notada. Mas o fato é que faz tempo que não aparece algo dela de grande repercussão.

Marilena Chauí teve contribuição importante para a democracia brasileira, trazendo ao debate nacional uma tese que serviu para ampliar a rejeição ao PT. Foi a do ódio à classe média, exposta por ela com excitação em uma palestra com a presença de Lula, na época ainda a salvo da polícia, que no palco saboreava com evidente satisfação a descoberta fantástica de uma intelectual de grande importância no projeto de poder do partido.

Na época em que Marilena Chauí trouxe esta tresloucada tese o que o PT mais precisava era ampliar seu eleitorado, de modo que caiu bem para a democracia os rompantes gravados em vídeo. Foi um sucesso impactante nas redes sociais. E a classe média respondeu na mesma moeda da professora Chauí, passando a odiar o PT como nunca. Até hoje o partido do Lula se ressente eleitoralmente desse ódio correspondido, que, por sinal, Jair Bolsonaro amou.

Pois a mulher sumiu. Com certeza deve estar fazendo alguma coisa pelo partido, como todo intelectual petista, mas nenhuma dessas atividades tem tido repercussão. Que eu saiba, Marilena Chauí sequer fez uma visita ao Lula depois dele ter sido preso por corrupção. É um caso até de falta de curiosidade filosófica, pois como também é da professora da USP a emocionada constatação de que a presença de Lula é tão forte que chega a iluminar um ambiente (sic), ela podia pelo menos verificar se o fenômeno ocorre também na cadeia.
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POR José Pires

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Imagem- Marilena Chauí no dia da exposição da sua tese mais lembrada, a do ódio à classe média,
com Lula aplaudindo a filosofia do salto carpado (e escarpado) no abismo

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