Com o absurdo da morte dos três jovens, que teriam sido entregues a traficantes por uma tropa do exército comandada por um tenente, cresce o vozerio daqueles que acreditam que os nossos militares não estão preparados para enfrentar o crime.
Bem, é o caso de se perguntar então para quê o Exército Brasileiro está preparado. A barbaridade no Rio aconteceu numa situação em que não havia enfrentamento algum com a barra-pesada do tráfico. Os soldados estavam ali para dar segurança a obras da comunidade. E em casos assim a bandidagem até fica longe, pois até o na mais baixa criminalidade há um mínimo de estratégia, sendo que uma regra básica é não mexer com o Exército Brasileiro.
E qual seria a situação, do jeito em que o Brasil está, na qual um Exército atuante não estaria sujeito aos riscos inerentes ao enfrentamento com o tráfico?
Não sou daqueles que acham que a presença do Exército possa dar qualquer solução para a criminalidade. Mas o Brasil está atolado em uma guerra diária, com a população de cidades como o Rio cercada de um lado pelos traficantes, do outro por milícias paramilitares. E o Exército não pode se meter nisso sem ser mais um opressor do cidadão?
Então, volto a perguntar, o nosso Exército vai fazer o quê? Estamos todos envolvidos na luta contra o crime. Até os jornalistas têm feito um belo trabalho, arriscando suas vidas, ganhando pouco, mas trabalhando com coragem e sem envolvimento algum com os bandidos. Pelo contrário, até denunciam com extrema qualidade técnica a bandidagem, como bem mostraram os três jornalistas de O Dia que foram presos e torturados por milícias paramilitares e depois contaram toda a história nas páginas do diário.
Jornalistas podem ser cooptados pelo tráfico? Claro que podem. Mas as redações têm chefias competentes, prontas para despedir qualquer um que tenha um comportamento criminoso desses. Ninguém é tolo de achar que uma favela dominada por criminosos deve ser patrulhada por recrutas. Mas por que uma tropa profissional não teria capacidade para ações desse tipo?
Algum problema na formação do Exército Brasileiro torna soldados profissionais vulneráveis de um modo tal que eles não podem ser expostos a situações às quais civis estão expostos o tempo todo? O absurdo ocorrido no Rio de Janeiro tinha na chefia um tenente do Exército, um oficial de alta formação. Em situações de tensão, oficiais do Exército não têm capacidade para agir profissionalmente, com ética e respeito aos direitos civis? Acredito que sim, pois até jornalistas, que evidentemente não tem o treinamento especial que se espera desses soldados, conseguem agüentar o tranco sem se entregar para os bandidos.
Se o nosso Exército não pode entrar nesta guerra, então, volto a perguntar, preparou-se para quê? Talvez para substituir a Guarda Suíça, aquela que faz a segurança do Vaticano. Mas mesmo por ali existe algum risco. Um soldado brasileiro pode, por exemplo, ser flagrado roubando o vinho do padre. Aí, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, vai ter que pegar rapidamente um avião para pedir desculpas para o Papa.
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POR José Pires
Bem, é o caso de se perguntar então para quê o Exército Brasileiro está preparado. A barbaridade no Rio aconteceu numa situação em que não havia enfrentamento algum com a barra-pesada do tráfico. Os soldados estavam ali para dar segurança a obras da comunidade. E em casos assim a bandidagem até fica longe, pois até o na mais baixa criminalidade há um mínimo de estratégia, sendo que uma regra básica é não mexer com o Exército Brasileiro.
E qual seria a situação, do jeito em que o Brasil está, na qual um Exército atuante não estaria sujeito aos riscos inerentes ao enfrentamento com o tráfico?
Não sou daqueles que acham que a presença do Exército possa dar qualquer solução para a criminalidade. Mas o Brasil está atolado em uma guerra diária, com a população de cidades como o Rio cercada de um lado pelos traficantes, do outro por milícias paramilitares. E o Exército não pode se meter nisso sem ser mais um opressor do cidadão?
Então, volto a perguntar, o nosso Exército vai fazer o quê? Estamos todos envolvidos na luta contra o crime. Até os jornalistas têm feito um belo trabalho, arriscando suas vidas, ganhando pouco, mas trabalhando com coragem e sem envolvimento algum com os bandidos. Pelo contrário, até denunciam com extrema qualidade técnica a bandidagem, como bem mostraram os três jornalistas de O Dia que foram presos e torturados por milícias paramilitares e depois contaram toda a história nas páginas do diário.
Jornalistas podem ser cooptados pelo tráfico? Claro que podem. Mas as redações têm chefias competentes, prontas para despedir qualquer um que tenha um comportamento criminoso desses. Ninguém é tolo de achar que uma favela dominada por criminosos deve ser patrulhada por recrutas. Mas por que uma tropa profissional não teria capacidade para ações desse tipo?
Algum problema na formação do Exército Brasileiro torna soldados profissionais vulneráveis de um modo tal que eles não podem ser expostos a situações às quais civis estão expostos o tempo todo? O absurdo ocorrido no Rio de Janeiro tinha na chefia um tenente do Exército, um oficial de alta formação. Em situações de tensão, oficiais do Exército não têm capacidade para agir profissionalmente, com ética e respeito aos direitos civis? Acredito que sim, pois até jornalistas, que evidentemente não tem o treinamento especial que se espera desses soldados, conseguem agüentar o tranco sem se entregar para os bandidos.
Se o nosso Exército não pode entrar nesta guerra, então, volto a perguntar, preparou-se para quê? Talvez para substituir a Guarda Suíça, aquela que faz a segurança do Vaticano. Mas mesmo por ali existe algum risco. Um soldado brasileiro pode, por exemplo, ser flagrado roubando o vinho do padre. Aí, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, vai ter que pegar rapidamente um avião para pedir desculpas para o Papa.
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POR José Pires
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