A revista Veja desta semana traz uma entrevista com Gilberto Carvalho, chefe-de-gabinete do presidente Lula. Ele é mais que isso, claro. É o faz-tudo de Lula, tem intimidade com o chefe. A entrevista nada traz de novo, a não ser o que pode ser lido nas entrelinhas. Das falas de Carvalho é possível tirar algumas conclusões sobre o governo Lula sendo que a essencial é a visão de um governo pequeno chefiado por um presidente simplório, o que traz poucas perspectivas de qualidade para o País. Mas isso também é apenas a confirmação de algo já bem conhecido.
Sabe-se como é a preparação de uma entrevista para uma publicação importante como Veja. O que o chefe-de-gabinete trouxe para o repórter é o que o governo deseja passar como imagem. E isso torna mais triste ainda a leitura. Eles gostam bastantedo que veêm no espelho.
Não dá para esperar muito de um governante cujo representante diz que ele acha “importante a preservação [ambiental], mas, entre um cerradinho e a soja, ele é soja”. Se Carvalho revela algo assim, evidentemente o pensamento de Lula um motivo de orgulho no governo. O governo petista se baseia, então, em um contrasenso global. Uma bobagem como essa, ideológicamente próxima de um George W. Bush e num nível retórico até mais baixo é a bússola do trabalho cotidiano no Planalto.
Uma declaração importante é que Lula sabe de tudo, controla tudo. É o contrário do que ele afirma sempre que surge uma sujeira que pode afetá-lo. “Ele é um sujeito que controla tudo com mão-de-ferro o tempo todo”, diz Carvalho. Mas isso sempre foi claro para muitos, como eu que, neste mesmo blog, já lamentei bastante que Lula tenha até agora se livrado das responsabilidades sobre boa parte dos escândalos que não cessam de brotar de seu governo. Vale também apenas como confirmação.
Aliás, quanto ao quesito responsabilidade, Carvalho também traz a público a informação de que em 2005 o governo esteve acuado a ponto do então ministro da Fazenda, Antonio Palloci e Márcio Thomaz Bastos (então na Justiça) terem aconselhado Lula a buscar um acordo com a oposição abrindo mão da reeleição em troca do restante do mandato. Mas sobre a iminente queda de Lula também já falávamos na época. Faltou uma oposição de qualidade, falta ainda.
Também é sabido que na época Palloci e Dilma Roussef teriam aconselhado Lula até a renunciar. Logo mais essa história também pode ser confirmada. Quem viver, verá.
Dele mesmo, Gilberto Carvalho falou pouco. O chefe-de-gabinete de Lula foi também homem poderoso da assessoria do prefeito de Santo André, Celso Daniel, assassinado em circunstâncias altamente suspeitas e que se transformou no que Veja chama apropriadamente de “fantasma que continua assombrando o PT”. Mas a fala de Carvalho sobre o assassinato do amigo sai com o tom frio de uma nota oficial. Ele diz o seguinte: “A versão que eu tenho para a morte do Celso é a de dois inquéritos da Polícia Civil de São Paulo. Um crime comum, um assassinato em uma tentativa de assalto. Todo o resto é teoria levantada pela família dele que ninguém jamais conseguiu provar”.
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POR José Pires
Sabe-se como é a preparação de uma entrevista para uma publicação importante como Veja. O que o chefe-de-gabinete trouxe para o repórter é o que o governo deseja passar como imagem. E isso torna mais triste ainda a leitura. Eles gostam bastantedo que veêm no espelho.
Não dá para esperar muito de um governante cujo representante diz que ele acha “importante a preservação [ambiental], mas, entre um cerradinho e a soja, ele é soja”. Se Carvalho revela algo assim, evidentemente o pensamento de Lula um motivo de orgulho no governo. O governo petista se baseia, então, em um contrasenso global. Uma bobagem como essa, ideológicamente próxima de um George W. Bush e num nível retórico até mais baixo é a bússola do trabalho cotidiano no Planalto.
Uma declaração importante é que Lula sabe de tudo, controla tudo. É o contrário do que ele afirma sempre que surge uma sujeira que pode afetá-lo. “Ele é um sujeito que controla tudo com mão-de-ferro o tempo todo”, diz Carvalho. Mas isso sempre foi claro para muitos, como eu que, neste mesmo blog, já lamentei bastante que Lula tenha até agora se livrado das responsabilidades sobre boa parte dos escândalos que não cessam de brotar de seu governo. Vale também apenas como confirmação.
Aliás, quanto ao quesito responsabilidade, Carvalho também traz a público a informação de que em 2005 o governo esteve acuado a ponto do então ministro da Fazenda, Antonio Palloci e Márcio Thomaz Bastos (então na Justiça) terem aconselhado Lula a buscar um acordo com a oposição abrindo mão da reeleição em troca do restante do mandato. Mas sobre a iminente queda de Lula também já falávamos na época. Faltou uma oposição de qualidade, falta ainda.
Também é sabido que na época Palloci e Dilma Roussef teriam aconselhado Lula até a renunciar. Logo mais essa história também pode ser confirmada. Quem viver, verá.
Dele mesmo, Gilberto Carvalho falou pouco. O chefe-de-gabinete de Lula foi também homem poderoso da assessoria do prefeito de Santo André, Celso Daniel, assassinado em circunstâncias altamente suspeitas e que se transformou no que Veja chama apropriadamente de “fantasma que continua assombrando o PT”. Mas a fala de Carvalho sobre o assassinato do amigo sai com o tom frio de uma nota oficial. Ele diz o seguinte: “A versão que eu tenho para a morte do Celso é a de dois inquéritos da Polícia Civil de São Paulo. Um crime comum, um assassinato em uma tentativa de assalto. Todo o resto é teoria levantada pela família dele que ninguém jamais conseguiu provar”.
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POR José Pires
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